Mato Grosso, 26 de Abril de 2024
Economia / Agronegócio

Mercado cuiabano conta com 12 agricultores orgânicos com certificação

27.11.2014
01:07
FONTE: Assessoria

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“Nós plantamos saúde”, disse Luiz Arruda, agricultor familiar orgânico de  São Miguel do Iguaçu (PR), participante do Projeto Itaipu Binacional. Ele foi palestrante, na manhã desta quarta-feira (26), no I Encontro de Produtores Orgânicos da Baixada Cuiabana, realizado no Centro Sebrae de Sustentabilidade em Cuiabá.  Durante o evento, 12 produtores orgânicos da baixada cuiabana receberam o certificado Ecocert Brasil, um dos selos mais respeitados pelo mercado nacional e internacional.
 
“ Estes doze certificados não aconteceram como um passe de mágica. Os produtores lutaram por isto, correram atrás e fizeram adaptações na forma de produzir “, afirmou Eneida Maria de Oliveira, diretora do Sebrae MT.  Eles participaram do Projeto de Produção de Agroecológica Integrada e Sustentável (PAIS), desde 2011, e do Projeto Território da Cidadania, ambos realizados pela instituição. O Sebrae MT os apoiou com consultorias e capacitações para obterem a certificação Ecocert, de origem francesa e que os habilita até para vender para a União Europeia.
 
Os produtores certificados são de Cuiabá (1), Várzea Grande (3), Poconé (4) e Rosário Oeste (4). “Este certificado significa mais oportunidade de negócio no sentido de reconhecimento pelo nosso trabalho na linha da saúde, sustentabilidade e de benefícios sociais. O desafio, agora , é usar a certificação para entrar no mercado”, afirmou Erlon Bispo, presidente da Cooperativa Conexão Verde Vitória de Cuiabá.  Dezessete  cooperados fazem parte da cooperativa, que produz hortaliças. A entidade é autora da tecnologia social Conexão Cheiro Verde,  baseada no reaproveitamento dos resíduos para produzir adubo, premiada pelo Finep nos anos 2005,2009 e 2012.
 
Neusa Lopes da Silva, do Sitio Coração de Jesus de Rosário Oeste, estava satisfeita. “Mudou tudo.  Os produtos orgânicos vendem mais”, resumiu. Ela conta que melhorou a casa, comprou carro e é fornecedora da rede de supermercados Big Lar.
 
Sem veneno
O paranaense Luiz Arruda confessou que adorava usar ‘veneno’ nas plantações, antes de conhecer a agricultura orgânica. “ “Eu era um produtor de soja convencional. Vimos que pequenos produtores iam ficar só na soja e milho, sendo apenas mais um. Quando participei de curso do Sebrae de agricultura orgânica, ví no primeiro dia que ia dar certo. Desisti da soja e comecei a mudar o jeito de produzir. Tinha técnico dando assistência”, contou ele.
 
A agricultura orgânica muda a mentalidade do produtor, segundo Arruda. “Primeiro é preciso limpar a cabeça, depois o solo”, enfatizou. “Fui a pessoa que mais gostava de veneno. Não podia ver um inseto, que já botava veneno nas plantas. Pulverizava até 19 vezes o algodão”, exemplificou.
 
Não faltou gente para dizer que não ia dar certo, segundo ele. O agricultor diz que hoje planta, gastando menos, quando colhe vende tudo, paga as despesas e há sobra. Na agricultura convencional,  tinha de financiar a plantação e depois que colhia, só dava para pagar as despesas e o banco. Não sobrava nada.
 
O Sítio Arruda abriu as portas para receber turistas rurais e serve café colonial ou coffee break para os visitantes. O empreendimento orgânico ficou famoso em São Miguel do Iguaçu. A Itaipu Binacional é cliente do sítio e leva suas visitas lá para conhecer o exemplo de Luiz. O empreendimento recebe turistas de todo o mundo e diversas regiões do país.
 
Ele alertou os agricultores mato-grossenses que na migração para a agricultura orgânica há dificuldades, mas só até atingir o equilíbrio perdido com os defensivos e o modo convencional de plantar. A partir do terceiro ano, tudo fica bem. Luiz e sua família produzem mais de cem tipos de produtos, entre eles: café, amendoim, goiaba, banana, maçã, manga, mamão, aveia, hortaliças ( 35 variedades), palmito pupunha. A área do sítio Arruda é de 5 ha.
 
Arruda é um dos integrantes da Associação de Produtores da Agricultura e Pecuária Orgânica de São Miguel do Iguaçu (Aprosmi).  Entre os associados há indígenas, quilombolas e assentados. A entidade foi fundada em 2002 por 18 famílias de agricultores. Hoje são 250 famílias associadas.
 
A Aprosmi possui centro de comercialização e utiliza o sistema agroflorestal  e hortas-mandala para produzir. Conta com um abrigo para as crianças, filhos dos agricultores, para que possam trabalhar tranquilos no campo. “A agricultura orgânica melhora a qualidade de vida do produtor, dos produtos e dá lucro”, disse Marlene Schmitz, presidente da Aprosmi, que também falou no I Encontro de Produtores Orgânicos da Baixada Cuiabana.

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