Mato Grosso, 22 de Novembro de 2024
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ONU adota resolução a favor dos defensores dos direitos da mulher

28.11.2013
17:24
FONTE: AFP

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  • Malala Yousafzai acena depois de falar em uma entrevista coletiva no campus da Universidade de Harvard em setembro de 2013

Uma comissão da Assembleia Geral da ONU aprovou uma histórica resolução a favor dos defensores dos direitos das mulheres, como Malala Yousafzai, apesar de uma forte campanha contra.

Uma coalizão liderada pela Noruega, que preparou durante meses a resolução, teve que eliminar o trecho que condenava "todas as formas de violência contra a mulher" para que o texto fosse aprovado por consenso na quarta-feira à noite.

Países africanos, o Vaticano, Irã, Rússia, China e nações muçulmanas conservadoras tentaram debilitar a resolução aprovada pela Comissão de Direitos Humanos da ONU, segundo diplomatas e ativistas.

A campanha dos defensores dos direitos das mulheres recebeu um forte estímulo nos últimos meses pelo caso Malala, a adolescente paquistanesa que sobreviveu a um tiro na cabeça dos talibãs por sua luta a favor da educação para as meninas, assim como pelo de Denis Mukwege, o médico da República Democrática do Congo obrigado a seguir para o exílio por ajudar as vítimas de estupro.

Ambos foram indicados ao Prêmio Nobel da Paz deste ano.

A resolução pede a todos os países que condenem publicamente a violência contra os defensores dos direitos das mulheres, reformem as leis que prejudicam a tarefa e concedam livre acesso aos ativistas da ONU.

"A comunidade internacional enviou uma mensagem clara. É inaceitável criminalizar, estigmatizar ou restringir os defensores dos direitos humanos das mulheres", afirmou Geir Sjoberg, principal negociador do governo norueguês da resolução.

Ele completou que o objetivo chave agora é garantir que os governos se comprometam a respeitar a resolução, aprovada após negociações difíceis.

"Há uma importante defasagem entre as realidades das mulheres corajosas e o que foi acordado. O autêntico trabalho começa agora", disse Sjoberg.

Os países africanos brigaram para manter o respeito às tradições e costumes. Rússia, Irã e China insistiram que deveria ficar estabelecido que os defensores dos direitos têm que respeitar as leis nacionais, segundo diplomatas e ativistas.

Por fim, a Noruega aceitou eliminar um parágrafo que afirmava que os Estados deveriam "condenar energicamente todas as formas de violência contra a mulher e contra os defensores dos direitos humanos das mulheres, e evitar invocar costumes, tradições ou considerações religiosas para evitar suas obrigações".

Mais de 30 países europeus, incluindo França, Reino Unido e Alemanha, se retiraram como co-patrocinadores da resolução em protesto pela concessão.

A Islândia permaneceu como co-patrocinadora, mas a embaixadora na ONU, Greta Gunnarsdottir, afirmou que a concessão era "uma pontuação ruim" para a Comissão da ONU.

O Vaticano liderou os opositores às referências aos riscos que enfrentam aqueles que trabalham a favor dos direitos da saúde sexual e reprodutiva e de gênero, segundo ativistas que acompanharam as negociações.

Grupos de ativistas afirmaram que a Comissão da ONU deveria ter resistido com firmeza às mudanças.

Defensores dos direitos das mulheres geralmente "desafiam valores e práticas tradicionais religiosas e culturais, que subordinam, estigmatizam ou restringem as mulheres" quando assumem seus direitos sexuais e de gênero, afirmou Eleanor Openshaw, do International Service for Human Rights.

Mulheres vencedoras do prêmio Nobel e os Elders, o grupo de ex-líderes mundiais que inclui o ex-presidente americano Jimmy Carter e o ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan, haviam manifestado apoio à resolução.


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