O juiz Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato na 1ª instância, pediu nesta sexta-feira (24) aos advogados de Renato Duque e João Vaccari Neto que digam se seus clientes estão dispostos a falar na CPI da Petrobras. Caso a intenção seja ficar em silêncio, o juiz pode negar autorização para ambos, que estão presos em Curitiba, irem a Brasília. O motivo, segundo Moro, é "evitar dispêndio de dinheiro público".
Duque é ex-diretor da área de Serviços da estatal. Vaccari era tesoureiro do PT. Os dois foram presos durante as investigações que apuram pagamentos de propina em contratos da Petrobras com empreiteiras. Nesta semana, a CPI marcou para o dia 4 uma acareção entre os dois e o executivo Augusto Mendonça, da Toyo Setal, que firmou acordo de delação premiada para contar o que sabe do esquema em troca de abrandamento de uma eventual pena.
A ida de Duque e Vaccari depende da autorização de Moro, que foi solicitada pela CPI também nesta semana. No despacho em resposta, o juiz justifica que quer saber dos advogados se há intenção do dois investigados de falar porque ambos já ficaram em silêncio em outras ocasiões na comissão. Moro escreveu que pretende "evitar novos deslocamentos custosos para os cofres públicos para diligências possivelmente comprometidas".
O juiz destacou que a intenção dele não é criar um obstáculo para a CPI. "Não se trata, de forma alguma, de tentativa de obstaculizar os trabalhos desenvolvidos pela CPI, mas sim de, se for o caso, evitar dispêndio de dinheiro público", escreveu Moro no despacho.
Os advogados de Duque e Vaccari terão três dias para dar a resposta.
Em março, Duque foi à CPI, mas usou seu direito de ficar calado para não responder as perguntas. Vaccari foi pela primeira vez à CPI em abril. Em várias perguntas, ele usou a mesma resposta: "Todas as doações foram legais e registradas na Justiça."
Depois, em nova convocação, no início de julho, a defesa do ex-tesoureiro enviou documento ao Supremo Tribunal Federal (STF) para informar que ele ficaria calado durante acareação com o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco. A acareação acabou não ocorrendo, após o STF acatar pedido de Barusco para não ir, por motivos de saúde.