As instituições que representam os credores da Grécia fizeram nesta quinta-feira (25) algumas concessões a Atenas, na mais recente lista de reformas exigidas para que a Grécia receba novos recursos, em uma tentativa de última hora para assegurar o acordo que evitará o default (calote da dívida), segundo a Reuters.
A proposta revisada amplia o prazo para que a Grécia elimine totalmente um complemento de pagamento de aposentadorias, conhecido como Ekas, em dois anos até 2019, ante a proposta anterior dos credores.
Os credores também acertaram que a reforma do Imposto Sobre Valor Agregado (IVA), que extingue isenções menores para ilhas e eleva o imposto para restaurantes e hotéis, pode ser revisada no final do ano que vem "desde que receitas adicionais equivalentes sejam arrecadadas por medidas contra evasão fiscal e para melhorar a arrecadação do IVA".
Nesta manhã, a Grécia recebeu um ultimato dos credores para fechar um acordo até sábado (27) para obter ajuda financeira e pagar ao Fundo Monetário Internacional (FMI) a parcela de 1,6 bilhão de euros, cujo prazo vence em 30 de junho, de acordo com infomações da Reuters.
A reunião emergencial sobre a crise da dívida da Grécia terminou sem acordo na quarta-feira (24), após credores internacionais terem recusado as propostas do premiê grego Alexis Tsipras.
A Grécia e seus credores da Zona do Euro tentam fechar um acordo de reformas e ajustes. Uma parcela de 7,2 bilhões de euros em ajuda financeira à Grécia está bloqueada há meses. Para obter esse dinheiro, os credores exigem que o país faça as reformas necessárias.
Os ministros das Finanças da Zona do Euro vão trabalhar no acordo com base em uma proposta das instituições credoras, segundo a Reuters.
A Grécia mantém a proposta de reformas enviada a credores nesta semana e defenderá uma versão modificada dela perante instituições europeias em uma tentativa de alcançar o acordo sobre ajuda. A proposta de Atenas incluiria aumentos de impostos e contribuições maiores à previdência para rebater a proposta de credores da UE e o FMI.
A Grécia quer ainda manter isenções fiscais para suas ilhas como parte do acordo de reformas em troca de ajuda com credores, o que modifica o que foi proposto na segunda-feira, quando o país havia oferecido descartar as isenções.
As isenções fiscais são uma questão sensível para o partido Gregos Independentes, que é o parceiro júnior da coalizão no governo grego, e o líder do partido ameaçou deixar a coalizão se elas forem extintas.
Sem acordo
Atenas apresentou seu plano na segunda-feira, exigido em troca dos recursos. Entretanto, a contraproposta das instituições – União Europeia e FMI – foi rejeitada por Atenas nesta quarta-feira, tensionando a negociação.
Alexis Tsipras se reuniu na quarta-feira com os presidentes da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, Banco Central Europeu, Mario Draghi, e Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, além da diretora do Fundo Monetário Internacional, Christine Lagarde.
O objetivo das negociações era obter um acordo preliminar para apresentá-lo aos ministros das Finança nesta quinta-feira (25). Segundo fontes do governo grego, Atenas retirou algumas medidas impopulares da lista de propostas apresentadas aos credores, como o aumento das contribuições sobre aposentadorias.
Inicialmente, Atenas havia proposto uma contribuição de 5% sobre as aposentadorias complementares, até então isentas, mas desistiu da medida, que iria proporcionar cerca de 240 milhões de euros em 2016.
Houve ainda um recuo na elevação de 4% para 5% da contribuição para as aposentadorias básicas, que representaria 135 milhões de euros em 2015 e 270 milhões em 2018.
Tsipras havia proposto a credores aumentar impostos sobre empresas e sobre fortunas para aumentar sua arrecadação, mas o FMI defende que o país corte mais gastos - algo que o premiê grego rejeita fazer.
Os credores argumentam que o aumento de impostos dificultará o crescimento econômico grego e defendem mais cortes em aposentadorias e em subsídios.
As propostas gregas apontam um esforço fiscal de 8 bilhões de euros em 2015 e 2016.
Cerca de 93% do valor viria de um aumento de impostos e corte de gastos. Alcançado o acordo, Tsipras terá que levá-lo a seu Parlamento, o que pode ser uma etapa delicada. Isso também abrirá caminho para que o Bundestag alemão e outros parlamentos do bloco se pronunciem nos próximos dias, o que tampouco será fácil.