Mato Grosso, 22 de Novembro de 2024
Economia / Agronegócio

Plantio de soja avança pela noite em MT com a volta das chuvas no campo

02.11.2014
04:44
FONTE: G1

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  • Comercialização de soja de Mato Grosso no mercado futuro está 25,4 pontos percentuais atrasada até setembro
Com a volta das chuvas em Mato Grosso após mais de 20 dias de seca, as equipes de trabalhadores das fazendas de soja correm contra o tempo para semear as áreas de produção. O plantio no estado está sendo feito inclusive durante a noite.

A melhora no clima fez com que a semeadura da soja no Estado desse um salto e nesta semana atingiu 40,5% da área estimada (8,8 milhões de hectares), um avanço de cerca de 1,8 milhão de hectares ante a semana passada, em que apenas 20% havia sido plantado. No ano passado, neste mesmo período, o plantio no estado já alcançava 71%. Os dados são do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).

Os operadores de máquinas tocam os trabalhos até debaixo d’água. “Tem que tentar debaixo de chuva, porque tá muito atrasado. Tem que fazer de tudo para conseguir fazer esta planta, ir até o limite”, diz Nilson Lemes da Silva, operador de máquinas em uma fazenda em Nova Mutum. Apenas 400 dos 1,2 mil hectares da propriedade foram semeados até agora.

 No entanto, em alguns momentos, água demais atrapalha e, apesar do atraso, a equipe do plnatio tem que dar uma pausa para garantir uma semeadura de qualidade. “Se não, molhado assim a germinação não é muito boa e, às vezes, a semente pode cair for, não dá qualidade. Embuxa muito, fica muito barro, não tampa a semente direito. Não adianta seguir, mesmo que está atrasado, tem que parar”, explica o operador.

Segundo ele, se o terreno do plantio estiver cheio de barro, pode interferir no desempenho da máquina, já que pode obstruir o local por onde caem as sementes e também altera a regulação das rodas.

Na propriedade do produtor Alessandro Uggeri, foi feita até mesmo uma adaptação na caixa de sementes: uma lona foi colocada ao seu redor para evitar a entrada da água da garoa que caía durante a semeadura, para proteger as sementes da umidade. Em suas terras, o plantio havia começado no fim de setembro e ficou parado por 25 dias. Apenas 30% dos 2,3 mil hectares de soja foram semeados, metade do que o produtor esperava ter cultivado até o momento.

Para o produtor, a lentidão põe em risco a safrinha de milho. Ele diz que o desempenho do plantio nesta semana é que vai definir a área de safrinha que vão conseguir plantar. “Ainda faltam ao redor de 700 hectares para conseguirmos cumprir a área que tínhamos planejado, ou seja, ao redor de 60% da área de soja. Agora nós estamos em uma operação de guerra contra o tempo”, afirma.

A preocupação do produtor tem motivo. A última vez que o plantio ficou tão atrasado assim em Mato Grosso foi há quatro anos, quando o estado também foi atingido por uma estiagem prolongada.

Com o atraso, os trabalhos no campo avançam pela noite. “Esse não era nosso intuito, de plantar à noite, mas por causa do atraso da chuva, tivemos que programar para fazer dois turnos e tocar a noite inteira. Tenho que apressar o passo para ver se eu consigo plantar esses 500 hectares até o dia 2 de novembro. Se não conseguir, a área de safrinha vai ser comprometida”, relata o gerente de produção, Ademir Cedenese.

Em uma outra propriedade no município serão plantados 25 mil hectares de soja nesta safra, mas por enquanto somente foram semeados 20% de toda a área. Por isso, o plantio é feito com força total. Todas as máquinas são utilizadas durante o dia e a noite. “Precisamos plantar de dia e de noite. Precisamos também que dê dias bons, porque chegamos a plantar aqui com todas as plantadeiras, indo tudo bem, nós conseguimos plantar em torno de 1 mil a 1,1 mil hectares por turno. Mas isso tem que dar tudo certo”, destaca Luiz Divino da Silva, gerente do grupo.

O gerente conta que o planejamento inicial era de plantar 28 mil hectares de soja e 5,8 mil hectares de algodão. Parte da área seria destinada à soja superprecoce para permitir o plantio do algodão safrinha mais adiante, mas, por causa do atraso das chuvas, deixaram de plantar 3,5 mil hectares de soja para plantar algodão safra. A mudança de estratégia pode trazer prejuízos para o grupo.

“Com esta mudança que tivemos que fazer, deixamos de ganhar em torno de R$ 3,5 milhões. Então o prejuízo é grande. Se você não conseguir, se você passar da janela de plantio, cada dia depois do dia 20 de novembro que você atrasa tem uma perda na produtividade da sua produção”, ressalta.

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