A única maneira encontrada pela dona de casa Augusta Ziquini, em Cachoeiro de Itapemirim, para manter a filha em casa foi acorrentá-la. A mulher tem 33 anos e é viciada em drogas há 20. O desespero da usuária é tão grande que ela pede para ser presa em casa, para não dar o mau exemplo aos três filhos. A família busca uma internação.
A medida drástica, de amarrar pernas e os pés junto à cama, foi tomada pela mãe, Augusta Ziquini, nesta semana. Dessa forma, a mulher não consegue sair em busca de drogas.
A mulher, que não será identificada, pede socorro. “Eu não sei mais o que eu faço. Tô acabando comigo e com minha família. Minha filha está uma mocinha e, vendo isso tudo, já está revoltada. Meu pai infartou há uns tempo atrás”, contou.
Desesperada em ver a filha em abstinência, a mãe Augusta Ziquini não se arrepende de ter que tomar a atitude de acorrentar a filha.
“Pode policial falar que não pode, pode me levar algemada para a delegacia, mas eu coloco. Sou mais dar comida para ela algemada dentro de casa do que vê-la no mundão, pedindo coisas aos outros, se humilhando”, disse a mãe, emocionada.
A usuária conta como é a ausência da droga. “É como se eu tivesse uma sede, uma fome e não pudesse ter água, comida. É uma vontade insuportável. Grita, fala mais forte do que eu. Acabei de pedir para passar a corrente no meu pé de novo. Queria que alguém me ajudasse e me colocasse em uma clínica, pois todas que eu procuro são pagas e eu não tenho condições. Quero e necessito de um tratamento, minha família não tem como pagar”, afirmou a mulher.
A preocupação aumenta porque ela tem três filhos. Um com apenas um ano. A mãe, Augusta, já tentou a internação pela Promotoria de Justiça de Cachoeiro de Itapemirim e pediu ajuda no Conselho Tutelar Municipal. Mas a assistência não chegou.
“É muito sofrimento. Já perdi um filho assassinado, há 3 anos, então, não quero perder essa minha filha. Queria que Deus tocasse no coração de alguém e aparecesse uma vaga para minha filha”, pediu a mãe.
Internação
A Secretaria de Estado da Saúde informou que a internação deve ocorrer em último caso. Já o coordenador do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps-AD) de Cachoeiro, Erlindo Dias, orientou que a família procure a unidade para fazer o prontuário de atendimento.
Na unidade, profissionais vão avaliar se o caso da paciente é de semi-internação, ofertado pelo órgão, ou de internação ambulatorial. A família vai levar a jovem ao Caps nesta semana.