Estudantes de escolas públicas do Espírito Santo ocuparam as escolas Almirante Barroso, em Vitória; Agenor Roris, em Vila Velha; e os campi de São Mateus e Cachoeiro de Itapemirim do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes).
O movimento é um protesto contra a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 241, que estabelece um limite para os gastos públicos, e contra a reforma do Ensino Médio proposta pelo governo. A Secretaria Estadual de Educação foi procurada, mas ainda não se manifestou.
Nas escolas Almirante Barroso e Agenor Roris, as ocupações começaram na sexta-feira (21). Nesses locais, os alunos participam de aulões e oficinas, ministradas por professores voluntários.
O professor de sociologia da escola Almirante Barroso, Felipe Sellin, contou que os professores estão impressionados com a organização dos alunos.
"Não sou ocupante, mas estive lá no final de semana e hoje. Podemos dizer que a ocupação está muito bonita. Os alunos estão organizados e estudando. Eles fazem de tudo lá. A escola está extremamente limpa, cheia e com muita gente se propondo a contribuir", disse.
Os estudantes organizam tudo: limpeza, programação das aulas e das oficinas, alimentação e alojamento.
O professor disse ainda que ele e os colegas não sabiam que a ocupação aconteceria. "Foi uma organização dos alunos, inteiramente feita por eles. Na medida que eles ocuparam na sexta-feira, a gente percebeu que as reivindicações são muito justas. Algo que a gente mesmo está criticando", disse.
As decisões durante a ocupação são tomadas sempre em assembleias. "Os professores não participam dessas reuniões. Eles estão inclusive em processo de negociação com os eventos que acontecem na escola. Nas eleições, que tem a escola como local de votação, eles estão negociando com a Justiça Eleitoral. Na semana seguinte acontece o Enem, e eles estão negociando com a comissão de organização", completou.
Agenor Roris
Os alunos do Agenor Roris, também se organizam com aulas, oficinas e apoio de voluntários. Nesta segunda, eles divulgaram nas redes sociais que tiveram aula sobre a PEC 241 e reuniões com defensores públicos.
Os alunos recolhem doações e convidam professores e educadores voluntários que queiram participar da ação. Nas redes sociais, os estudantes também pedem doações de alimentos e materiais de limpeza e higiene, para que possam continuar o ato de protesto.
Ifes
Os estudantes de alguns campi do Ifes estão mobilizados em protesto contra a PEC 241, a reforma do ensino médio e o projeto da escola sem partido. Nas ocupações, os alunos organizam atividades, atos públicos e debates.
Um dos prédios do Campus São Mateus está ocupado por alunos desde o dia 11 de outubro. Segundo o Ifes, a direção tem mantido o diálogo com os estudantes para que o prédio seja desocupado e a rotina do campus volte à normalidade.
"Os estudantes concordaram em liberar o acesso dos demais alunos ao prédio Anexo II para aulas, a partir desta semana. As aulas serão alternadas com atividades pertinentes à ocupação. Também será liberado o acesso aos laboratórios localizados no prédio ocupado. As atividades administrativas estão ocorrendo normalmente no campus", disse o Instituto.
No Campus Cachoeiro de Itapemirim, a ocupação teve início na segunda-feira (17). As atividades administrativas estão ocorrendo normalmente, mas as aulas estão suspensas.
"O Instituto Federal do Espírito Santo respeita o direito dos estudantes da manifestarem suas reivindicações e entende que são justas as reivindicações que vão ao encontro de uma educação pública cada vez melhor", completou a nota.
Suspensão
A Sedu suspendeu as aulas desta segunda-feira (24) na escola Almirante Barroso, de Goiabeiras, em Vitória. O local está ocupado pelos estudantes desde a sexta-feira (21). Enquanto estão no local, os alunos têm oficinas, aulas alternativas e outras atividades, organizadas pelos próprios estudantes.
A Sedu informou que as aulas foram suspensas, porque o portão de entrada da escola foi fechado pelos manifestantes. Cerca de 1.230 alunos estudam no local. Ainda segundo a secretaria, "a diretora e a superintendente regional estão dialogando com os manifestantes para que o portão seja liberado e as atividades da escola sejam retomadas o mais breve possível", disse.
Segundo a Sedu, 50 pessoas, entre estudantes da rede estadual e professores/estudantes da Universidade Federal do Espírito Santo, estão na unidade de ensino.
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