A polícia e o Ministério Público abriram investigação sobre o Campo da Fé, em Guaratiba, na Zona Oeste do Rio. As autoridades querem saber as circunstâncias em que a área foi preparada. Há suspeitas de que o terreno tenha recebido aterro clandestino, como mostrou reportagem do RJTV neste sábado (27).
O Campo da Fé, em Guaratiba, continua em evidência mesmo depois do cancelamento dos eventos da Jornada Mundial da Juventude. Para a promotora Chistianne Monnerat, o aterro feito ali é ilegal.
“Colocar o Papa para orar num aterro clandestino, aterrado com resíduos de construção civil em área de preservação permanente é uma situação muito crítica”, diz Monnerat.
Denúncia de morador
O MP pediu a abertura de inquérito a partir de uma denúncia feita por um morador de Guaratiba. Ele acusa os atuais proprietários do terreno de usar truculência contra a população para reintegrar as áreas. A denúncia relata ainda que o aterro teria sido feito com "lixo, plástico, concreto e material hospitalar", o que se configura crime.
Uma equipe de policiais e peritos da Delegacia de Proteção do Meio Ambiente foi até o Campo da Fé para investigar em que condições o aterro foi feito. A suspeita é de que não apenas as obras de infraestrutura realizadas, mas o próprio licenciamento ambiental estejam em situação irregular. O laudo sai nos próximos dias.
“Houve aterro, a priori, indevido com resto de obras. Também houve aterro até no manguezal, e esses elementos aí foram anexados ao inquérito, vamos chamar o representante legal da empresa para que ele preste os devidos esclarecimentos”, explicou o delegado José Fagundes de Rezende.
Comprometimento ao meio ambiente
A polícia abriu investigação em dezembro do ano passado após constatar indícios de comprometimento ao meio ambiente. O empresário Jacob Barata Filho, um dos donos do terreno, e representantes das secretarias de urbanismo e do meio ambiente aparecem na lista dos investigados.
A companhia Vila Mar informou que cedeu o terreno à igreja e que possui todas as licenças ambientais em dia. Ainda de acordo com a empresa, a área de manguezal está preservada. Em nota, a Secretaria estadual do Ambiente também disse que o manguezal foi integralmente mantido. Já o Inea afirmou que não há irregularidades no processo de licenciamento.