Pacientes com câncer têm enfrentado até dois meses de espera por sessões de radioterapia no serviço de oncologia do Hospital das Clínicas (HC) de Ribeirão Preto (SP). Segundo o coordenador do serviço de radioterapia do HC, Harley de Oliveira, a fila poderia ser menor se a Prefeitura e o Departamento Regional de Saúde (DRS) redistribuissem os pacientes entre hospitais como a Beneficência Portuguesa e a Santa Casa de Ribeirão - aptos a oferecer o tratamento. Atualmente, 178 pacientes esperam pelo serviço no HC.
Em nota, a Secretaria de Saúde do município informou que discute o problema com a DRS, e que uma reunião será realizada no dia 11 de fevereiro para definir as providências a serem tomadas.
De acordo com Oliveira, um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) foi firmado há dois anos junto ao Ministério Público, na tentativa de o DRS realizar uma divisão equacionária dos pacientes com câncer no município. "Surgiu um grupo técnico onde faríamos essa divisão entre Santa Casa, Beneficência Portuguesa e HC. Isso vem acontecendo, porém ainda de uma forma desproporcional. Tanto que os hospitais poderiam receber um número maior de pacientes", diz.
O coordenador do serviço de radioterapia do HC explica que a demanda pelo serviço na unidade é cada vez maior - o serviço de oncologia no hospital cresce 20% ao ano - e que isso dificulta o atendimento imediato de pacientes. "Anualmente, atendemos cerca de 80 mil procedimentos em oncologia. Na radioterapia, são 150 pacientes por dia", afirma.
Na última semana, o HC realizou uma reunião com representantes dos DRSs da região. O acordo feito determina que os serviços mais ociosos ou que têm capacidade para atender um número maior de pacientes poderia receber parte das pessoas que constam na lista de espera do HC. "Esses serviços estão disponíveis em Barretos e São Carlos, por exemplo.
Porém, a maioria desses pacientes é de Ribeirão Preto. Eles teriam que se deslocar para outras cidades, sendo que eles poderiam fazer o tratamento em outros hospitais de Ribeirão", explica.
Aquém da capacidade
Segundo o diretor do departamento de oncologia da Beneficência Portugues, Vilson Kater, o hospital recebe, em média, 20 pacientes por mês encaminhados pela Prefeitura. O número, segundo ele, está bem abaixo da capacidade da unidade, que pode oferecer o tratamento de radioterapia para até 100 pessoas.
"Desconheço o motivo pelo qual a Prefeitura não nos encaminha mais pacientes. Temos duas máquinas de radioterapia instaladas no hospital. Poderíamos atender até 100 pacientes por mês. Não é por falta de condições que o hospital não recebe mais pacientes", diz.
Nova reunião
A Coordenadoria de Comunicação Social (CCS) da Prefeitura informou que a Secretaria de Saúde já discute o problema com a DRS. Uma nova reunião será realizada no dia 11 de fevereiro para definir as providências a serem tomadas em relação ao encaminhamento de pacientes com câncer nos hospitais do município.