O Tribunal de Justiça de Goiás condenou a companhia aérea Gol a pagar R$ 30 mil como indenização por danos morais a duas idosas, que, por falta de assistência da companhia, perderam uma viagem a Israel. Elas foram esquecidas quando deveriam embarcar para uma conexão em Roma, na Itália. “Deixaram a gente como se fosse um saco de lixo”, afirma a aposentada Olídia José Fernandes, 77 anos. Ela viajava com a amiga, a também aposentada Maria Machado Lemes de Faria, 74 anos, que iria encontrar com dois filhos após três anos sem vê-los.
Ao G1, a Gol informou que só se manifestará sobre o assunto nos autos do processo. Cabe recurso da decisão.
A viagem da dupla teve início em 3 de outubro do ano passado em Goiânia, de onde elas seguiram para o Aeroporto Internacional de Guarulhos, São Paulo. Lá, elas deveriam pegar um voo com destino a Roma e depois seguiriam ao destino final, Israel. “Estava fazendo economia para viajar. A gente ganha pouco, mas tem sonho na vida. No final das contas, acho que estamos pagando até hoje as passagens”, conta Maria.
O sonho foi interrompido quando, após o desembarque em Guarulhos, elas foram encaminhadas pela equipe da companhia aérea a uma sala de espera. “Ficamos lá o dia todo. Quando faltavam 15 minutos para o nosso voo, a Maria estava preocupada que estavam demorando a nos buscar, mas eu falei que não precisava se preocupar, que era responsabilidade deles. Assim mesmo, levantei e falei com os atendentes. Eles ficaram olhando um para o outro e falaram que o avião já tinha saído”, relata Olídia.
“Eu me senti muito humilhada porque a gente ficou lá o dia inteiro esperando, igual trouxa. Passavam para lá e para cá e ninguém falava com a gente. Será que não caiu a ficha de ninguém que a gente estava lá para viajar? Será que nenhum teve curiosidade de olhar que hora ia ser nosso voo?”, questiona.
Após perceber a falha, a Gol foi em busca das malas das passageiras. As bagagens não tinham sido levadas no avião com destino a Roma e foram entregues às idosas, um fato que ambas estranharam. “Achei estranho porque era para nossas malas estarem lá dentro do avião. Eles nunca explicaram porque não estava”, diz Maria, que se sentiu mal e teve ânsia de vômito por causa do problema.
As idosas afirmam ainda que também consideraram estranho não terem sido anunciadas no alto-falante do aeroporto. “Quando o avião vai sair, se falta alguma pessoa, eles sempre anunciam. Eles não fizeram nada disso”, diz Olídia.
Depois que as malas foram encontradas, as duas foram acomodadas em um hotel, onde fizeram refeições e dormiram. Elas retornaram ao aeroporto no dia seguinte, sob a promessa de que seriam encaixadas em outro voo para Roma. As idosas voltaram a passar o dia todo à espera do embarque, mas ao final receberam a notícia de que teriam que tentar novamente no outro dia.
“Aí meus filhos que estavam em Israel me esperando desistiram e disseram para a gente voltar para casa, porque do jeito que estava nós não estávamos aproveitando”, conta Maria. Elas foram acomodadas em um voo e retornaram para Goiânia.
Além do prejuízo econômico (cada uma já tinha pago R$ 3.410 para a reserva de hotéis e passeios em Israel e R$ 5.415 pelas passagens), as idosas também lamentaram terem perdido a chance de realizar um sonho.“Tinha muito desejo de pisar na terra que o senhor Jesus andou. Estava emocionada com a viagem”, lamenta Olídia.
A decisão judicial determina, além do pagamento da indenização por danos morais, o reembolso dos valores já gastos com a viagem. Com isso, a dupla agora pensa em usar a quantia para, mais uma vez, ir em busca da “terra prometida”.