Documentos obtidos pelo Jornal Nacional apontam que o dono da construtora UTC, Ricardo Pessoa, declarou que pagou R$ 1 milhão para o então ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, e detalhou as negociações. As declarações foram feitas na delação premiada do empreiteiro, durante as investigações da Operação Lava Jato.
Pessoa afirmou que procurou Lobão, enquanto ele era ministro de Minas e Energia, para pedir que houvesse ingerência política em favor dos interesses do consórcio responsável pelas obras da usina nuclear Angra 3. A UTC, empresa de Pessoa, faz parte do consórcio reponsável pela obra. Em troca, Pessoa declarou ter repassado R$ 1 milhão a Lobão, em duas ou três parcleas.
A defesa de Lobão, que hoje é senador pelo PMDB, informou que Ricardo Pessoa não apresentou provas e que os depoimentos não possuem qualquer respaldo jurídico. O advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, conhecido como Kakay, disse, ainda, que o senador jamais autorizou qualquer pessoa a falar em nome dele e que irá esclarecer os fatos quando tiver acesso aos depoimentos.
O funcionamento da usina Angra 3 está previsto para ter início em 2018 e o custo total da obra é de mais de R$ 15 bilhões.
Negociação
Segundo Pessoa, a negociação ocorreu em duas reuniões oficiais entre maio e julho de 2014, quando Lobão teria indicado o nome de André Serwi pra receber pagamentos em seu nome.
Os documentos apontam que o empreiteiro afirmou aos investigadores da Lava Jato que Lobão tinha uma relação de muita proximidade com a família de Serwi. De acordo com Pessoa, Serwi chamava Lobão de "meu tio". Além disso, segundo o delator, o pai de Serwi e Lobão foram sócios na década de 1970.
A reportagem do Jornal Nacional procurou Serwi em endereços da família em Brasília, mas a informação, em dois locais, foi de que ele se mudou. No telefone indicado por Pessoa, que seria de Serwi, ninguém atendeu as ligações.