O primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, disse nesta sexta-feira (3) que uma análise do Fundo Monetário Internacional (FMI), que mostra que a dívida do país é insustentável, justifica a decisão do governo de rejeitar um pacote de ajuda de seus credores.
Em pronunciamento feito na televisão antes do referendo de domingo – quando os gregos deverão dizer se aceitam as condições do empréstimo – Tsipras renovou seu apelo aos gregos para votar pelo "não", rejeitando o que chamou de "chantagem" e "ultimato".
"Ontem um evento da maior importância política aconteceu", disse Tsipras. "O FMI publicou um relatório sobre a economia grega que é uma grande defesa do governo da Grécia ao confirmar o óbvio – que a dívida grega não é sustentável", afirmou.
Relatório
No documento, o FMI aponta que a Grécia precisará de ao menos mais de € 50 bilhões em financiamentos até 2018 para conseguir fechar as suas contas. Segundo o fundo, mesmo que a Grécia aprove o plano dos credores que será submetido a referendo no próximo domingo, o país terá uma necessidade de uma nova ajuda nos próximos três anos. Do valot total, ao menos € 36 bilhões teriam de ser financiados com recursos europeus.
Hoje, a dívida grega supera € 300 bilhões.
O FMI considera a dívida da Grécia "insustentável" e avalia que a situação piorou desde a chegada ao governo do esquerdista Alexis Tsipras, citando o relaxamento das medidas de ajuste fiscal e o adiamento de reformas estruturais e privatizações.
"Se o programa (de 2012) tivesse sido implementado como se presumia, não teria sido necessário um maior alívio de dívida", assinalou a instituição financeira internacional.
A análise, além disso, reduz as previsões de crescimento econômico para a Grécia este ano de 2,5% para 0% e piora suas perspectivas sobre a dívida que antes tinha situado em uma tendência de baixa dos atuais 175% do Produto Interno Bruto (PIB) para 128% em 2020, e que agora está estimada em 150% para essa data.
A Grécia não pagou a parcela de € 1,6 bilhão de sua dívida com o FMI que venceu na terça-feira (30) e entrou em moratória (atraso). No mesmo dia também expirou o programa de ajuda financeira à Grécia.
Após a suspensão das negociações com os credores até depois do referendo, a Grécia se centra agora nos preparativos da consulta do próximo domingo.
O porta-voz do governo, Gavriil Sakellaridis, afirmou nesta quinta que uma vitória do "não" permitirá voltar à mesa de negociações para conseguir um acordo em melhores condições.
O ministro das Finanças, Yanis Varoufakis, por sua vez, assegurou que se o "sim" vencer renunciará e não assinará o que qualificou como um "acordo hipócrita", que não aborda questões-chave como a sustentabilidade da dívida.