Mato Grosso, 21 de Novembro de 2024
Economia / Agronegócio

Aplicação aérea: funciona e é valiosa na agricultura

13.05.2014
09:19
FONTE: João Paulo Arantes Rodrigues da Cunha

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A aviação agrícola possui um papel fundamental no aumento de ganho de produtividade pela sua natureza de rápida e eficaz cobertura. Sem dúvida, a aplicação aeroagrícola funciona e é uma ferramenta valiosa na agricultura quando realizada dentro de critérios técnicos bem definidos e acompanhada por pessoal técnico especializado.

O uso de aviões para fins agrícolas começou antes da Segunda Guerra Mundial. Inicialmente o número de aeronaves era pequeno. Empregavam-se aviões militares modificados. Com o tempo, a atividade foi se desenvolvendo e no final da década de 40 surgiu o primeiro avião projetado e construído para fins agrícolas.

A aplicação aérea, assim como a aplicação terrestre, apresenta vantagens e desvantagens. Como principal vantagem tem-se a grande capacidade operacional, isto é, a possibilidade de tratamento de grandes áreas em pequeno tempo. Como consequência deste alto rendimento, possibilita também a realização do tratamento no momento mais oportuno para o controle, seja de plantas daninhas, de doenças ou de insetos. Além disso, evita a compactação do solo e as injúrias às culturas, tão frequentes nas aplicações tratorizadas.

No entanto, se a operação não for bem executada, dentro dos parâmetros técnicos recomendados, a aplicação aérea pode causar a deriva dos fitossanitários (arrastamento pelo vento) para áreas vizinhas. Além disso, como o volume de pulverização (água + fitossanitários) é reduzido, muitas vezes inferior a 40 litros por hectare, requer estratégias que assegurem a boa deposição e cuidado redobrado com as condições climáticas durante as aplicações.

Um fator bastante controverso com relação à aplicação aérea refere-se ao custo. De forma simplista, o custo da aplicação aérea é superior ao da terrestre. No entanto, se forem computados os custos de amassamento e compactação, esta relação se inverte. Estas generalizações, porém, são bastante perigosas, pois dependem de cada situação. Um fator que influencia bastante é a distância da área a ser aplicada até a pista de decolagem. Quanto maior for esta, mais onerosa será aplicação. Outro fator que limita a aplicação aérea é a presença de muitos obstáculos na área e relevo muito acidentado.

Outra controvérsia com relação ao uso do avião agrícola é que o mesmo somente é viável em grandes áreas. Contudo, se as áreas forem próximas à pista de pouso, a aplicação é viável mesmo em pequenas áreas.

Deve ficar claro que tanto a aplicação aérea, como a terrestre, são eficientes e têm seu campo de aplicação. Quando a capacidade operacional instalada de máquinas não for suficiente, ou as condições climáticas não forem favoráveis, como longos períodos chuvosos que impeçam a entrada de tratores, a aplicação aeroagrícola é uma excelente opção, tanto do ponto de vista econômico, como do ponto de vista técnico.

As duas formas de aplicação apresentam vantagens e desvantagens. Estas devem ser bem avaliadas e contornadas utilizando-se de técnicas adequadas. As aeronaves agrícolas vêm apresentando melhorias contínuas, de forma a promoverem aplicações mais eficientes e mais seguras do ponto de vista ambiental. A indústria química também tem auxiliado na segurança das aplicações. Produtos químicos (adjuvantes) têm sido desenvolvidos para serem aplicados junto com os fitossanitários, permitindo menor risco de evaporação e perda por deriva. Portanto, a aplicação aérea é uma importante ferramenta que os agricultores podem e devem se utilizar para obter o sucesso tão desejado. 

João Paulo Arantes Rodrigues da Cunha é professor da Universidade Federal de Uberlândia.

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