Aqui no Brasil, a principal forma de transmissão do Zika ainda é o mosquito Aedes aegypti, mas já é comprovado que o vírus pode ser passado através do sexo. No entanto, uma recente pesquisa mostra que muitas mulheres, inclusive gestantes, não sabem disso e acabam se expondo a um risco que seria facilmente evitado. A seguir, listamos alguns aspectos desse tipo de contágio necessários para evitar a doença.
Transmissão do Zika através do sexo: muitas desconhecem
O Instituto Patrícia Galvão realizou uma pesquisa com mais de 3.000 mulheres grávidas para entender como elas estão lidando com o vírus Zika e o risco de microcefalia. Entre os principais achados, foi descoberto que 45% das mulheres não sabem que o vírus pode ser transmitido através da relação sexual. Além disso, só 12% das gestantes disseram que seus parceiros usam camisinha durante o sexo como um método para evitar a infecção pelo Zika.
Zika e sexo:o que você precisa saber sobre essa relação
Vários casos de transmissão pelo sexo já foram relatados
Pelo menos 12 estudos relatando casos de transmissão de Zika através do sexo já foram publicados e dez países - entre eles Chile, Portugal e Estados Unidos - já detectaram essa forma de contágio em seus territórios.
Em países como o Brasil, onde o principal vetor é o mosquito Aedes aegypti, é mais difícil confirmar transmissões pela via sexual, mas elas podem muito bem estar ocorrendo sem que percebamos.
O Zika se aloja no sêmen
Várias pesquisas já confirmaram que o Zika está presente no sêmen contaminado, bem como em outras secreções, como urina e saliva. Uma dessas análises mostrou que a carga viral (quantidade do vírus) do micro-organismo no sêmen é até 100 mil vezes maior que no sangue.
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E fica lá por até 6 meses
Um estudo realizado por pesquisadores italianos da Universidade de Padova analisou o caso de um homem de 40 anos, que contraiu Zika no Haiti antes de regressar à Itália, seu país natal. Eles notaram que, além de persistir por 9 dias no plasma sanguíneo, 15 dias na urina e 47 na saliva, o Zika permaneceu por 181 dias (o equivalente a seis meses) no sêmen após o fim dos sintomas.
Pode ser transmitido por sexo anal
O sexo vaginal é considerado o principal meio de infecção pelo Zika vírus, mas artigos científicos já demonstraram que é possível que a infecção aconteça via sexo anal. O Centers of Disease Control and Prevention (CDC), órgão norte-americano para estudo de doenças, detectou o primeiro caso de um homem infectado por Zika através do sexo anal no início de 2016.
E oral também
Em abril do mesmo ano, o caso de um casal que praticava sexo vaginal sem ejaculação e sexo oral com ejaculação levantou a suspeita de que a transmissão pode ocorrer também através da felação.
Homens passam para mulheres e vice-versa
Que homens transmitem Zika para mulheres já está comprovado, mas o contrário continua em investigação. De acordo com o CDC, na cidade de Nova York (Estados Unidos) ocorreu a transmissão de Zika de uma mulher para um homem através do sexo, mas ainda não se sabe por qual mecanismos isso foi possível. Uma das hipóteses é o contágio pela saliva.
Com base nessa descoberta, o CDC passou a recomendar que casais compostos por duas mulheres também tomem as precauções necessárias.
Camisinha protege
As autoridades de saúde recomendam o uso de preservativo feminino ou masculino para evitar a transmissão do Zika. No caso do sexo oral, a prevenção deve ser feita com a camisinha masculina no pênis, no caso do homem, ou cortada e posicionada sobre a vulva, no caso da mulher.
Outros achados da pesquisa
A pesquisa realizada pelo Instituto Patrícia Galvão traz outros dados interessantes, como por exemplo:
70% das grávidas que fazem o acompanhamento pré-natal no SUS gostariam de ter feito mais exames de ultrassom durante a gestação para acompanhar o desenvolvimento dos bebês. O protocolo técnico do Sistema Único de Saúde prevê um ultrassom obstétrico com doppler, sendo os demais exames de mesmo tipo realizados apenas a critério médico;
31% delas não havia planejado a gestação;
27% considera compreensível que a mãe opte pelo aborto em casos de microcefalia no feto;
Embora a quase totalidade das gestantes (96%) estivesse em acompanhamento pré-natal, 1 em cada 3 não tinha recebido orientações sobre o zika vírus;
21% ainda associam a microcefalia a vacinas;
64% avaliam que o governo prefere gastar dinheiro com propagandas que mandam a população limpar a casa e/ou o bairro ao invés de tomar providências para acabar com a zika;
A totalidade das mulheres afirma que a falta de serviços de água, esgoto e coletade lixo pode causar doenças e 90% apontam o governo municipal como o responsável por esses serviços.