'Pensei que fossem cachorrinhos', diz garoto que achou bebê em sacola

Mãe de três meninos que estavam com Caio, Rosangela Lúcia de Jesus, foi uma das primeiras a chegar ao local onde o bebê foi encontrado.

“Os meninos chegaram dizendo: ‘achamos um bebê’. Liguei para a polícia e para os bombeiros e fui atrás deles. Quando cheguei lá, as crianças estavam desesperadas, chorando. Eu pensei que o bebê estivesse morto. Foi quando liguei para as enfermeiras do postinho e elas disseram para eu pegar a criança”, relembrou Rosangela, que tem outros cinco filhos. Vizinhos emprestaram panos e toalhas para que ela pegasse o bebê.

Filho de Rosangela, Weverton de Jesus, de 15 anos, estava indignado com a ação da mulher que abandonou o bebê. "Em todo momento só passava pela minha mente uma mãe que não tem coração.Minha vitória veio de Deus! Eu salvei uma vida", disse.

Além da dona de casa, as crianças também foram até o posto de saúde do bairro. “Eles chegaram aqui gritando: ‘tia, tem um bebê na sacola plástica lá no morro’. Largamos os pacientes e fomos até lá”, lembrou a enfermeira Tami Volino.

O recém-nascido foi encontrado ainda com o cordão umbilical e com vestígios de sangue. A enfermeira acredita que ele tinha nascido horas antes de ter sido abandonado. O bebê foi levado para o Hospital Hugo Braga, em Piabetá, e passa bem, segundo a enfermeira.

Investigações
O caso que comoveu os moradores do Jardim Nazareno foi registrado na 66ª DP (Piabetá), como abandono de incapaz. Segundo os investigadores, a polícia não tinha, até o fim desta manhã, pistas da mãe do recém-nascido.

De acordo com os agentes, a polícia vai levantar junto ao posto de saúde de Nazareno os dados das mães que fizeram pré-natal no local. A medida, no entanto, segundo a enfermeira Tami Volino, não deve ajudar na investigação.

“Uma mãe para fazer essa brutalidade, com certeza não se preocupou em fazer o pré-natal. Quem se preocupa e faz esse acompanhamento não teria coragem de abandonar seu filho”, disse.

Rosangela de Jesus fez coro com a enfermeira. “Dói na gente que é mãe saber que tem gente que tem essa coragem de fazer isso com um filho. Eu passo dificuldades, já precisei pedir esmola, mas nunca tive e não tenho coragem”, desabafou Rosangela.

Adoção
No começo desta tarde, o bebê estava sob responsabilidade do Conselho Tutelar de Magé. De acordo com Tami Volino,há uma fila enorme de futuros pais para o recém-nascido, que ela chama de “Juninho”. Ela, Rosangela e outros moradores do Jardim Nazareno estão interessados na adoção.

“Foi emocionante ter aquele bebezinho no meu colo”, se emocionou Rosangela.