IMPRIMA ESSA NOTÍCIA ENVIE PARA UM AMIGO
A China anunciou na última sexta-feira (7) um pacote de investimentos em estradas, portos e aeroportos que pode passar de US$ 150 bilhões, segundo analistas. O mercado espera que essas obras façam crescer as vendas de minério de ferro – e, com isso, o preço da tonelada do produto subiu até US$ 6 na China nesta segunda-feira, para US$ 95.
Segundo o analista da Mauá Investimentos Rodrigo Mello, se o preço do minério de ferro continuar a subir, ele pode ajudar, ainda que pouco, o resultado das exportações do Brasil – que não devem alcançar a meta do governo este ano.
O minério de ferro foi destaque nas exportações do Brasil do ano passado. Mas, de janeiro a agosto deste ano, seu preço caiu 20% e atrapalhou as exportações. Essa piora fez o governo admitir que o país não deve atingir a meta oficial de vendas de produtos para outros países, de US$ 264 bilhões este ano. De janeiro a agosto deste ano, o Brasil exportou US$ 160,5 bilhões. Para alcançar a meta, as vendas teriam que chegar a US$ 103,4 bilhões entre setembro e dezembro.
"Essa virada [alta] do preço do minério de ferro ajuda [as exportações], mas ainda é muito incipiente para ter uma mudança substancial na balança comercial", avalia Mello. "Precisaria ter uma continuidade deste movimento". O analista pondera que "ainda tem um caminhão para andar" até que o preço do minério recupere o patamar de 2011, quando se aproximou de US$ 180 por tonelada.
Segundo o Ministério do Desenvolvimento, as metas de exportação existem desde 2003. Em todos os anos desde então, a meta foi cumprida. Em 2009, com a piora da crise financeira, porém, o governo não quis fixar uma meta formal. Em 2010 e 2011, os objetivos de US$ 168 bilhões e de US$ 228 bilhões foram atingidos com folga.
Efeito China
Na China, o preço do minério de ferro foi vendido abaixo de US$ 90 por tonelada em agosto, perto do menor preço em quase três anos. Com a queda de preços, os chineses cortaram a produção, e os compradores do país passaram a trazer o produto de fora.
Isso fez as importações de minério de ferro pela China subirem 7,9% em agosto na comparação com julho, atingindo o maior nível em três meses – o que beneficia a Vale, a maior produtora global de minério de ferro.
Mello afirma, no entanto, que o pacote chinês de investimentos, mesmo que possa ajudar, "não é ambicioso": "não vejo como criando ou gerando o impacto que gerou em 2009", disse ele.
Crise internacional
Segundo analistas, o Brasil não deve atingir a meta de exportações porque a crise internacional fez cair a procura pelos produtos básicos exportados pelo Brasil. Com menos procura, os preços desses produtos também caíram.
Ao todo, o superávit comercial brasileiro (que é o resultado das exportações menos as importações) de janeiro a agosto ficou US$ 6,8 bilhões menor que o do mesmo período de 2011.
"Além do minério de ferro, vai ter outros produtos que tambem vão ajudar a queda [das exportações]. Basicamente commodities [produtos básicos com cotação internacional, como minério de ferro, petróleo e alimentos]. O petróleo, café em grão e o açúcar, por exemplo. Todas as commodities metálicas, como ferro, cobre e alumínio [devem registrar queda]. Como o minério de ferro cai, automaticamente vai cair o aço. É a cadeia produtiva", avaliou José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).
Para o professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEAUSP) e presidente do Instituto Fractal, Celso Grisi, as medidas que os governos de vários países tomaram para proteger suas economias também atrapalharam as exportações brasileiras.
"A atividade de comércio exterior está muito mais reduzida com a crise internacional. Os países se protegeram para ter uma certa preservação de suas economias internas. Mas o preço das commodities tem uma forte pressão sobre as exportações brasileiras. Também perdemos muito as nossas exportações de manufaturados e semimanufaturados [produtos industrializados] em função da perda de produtividade do país", avaliou Grisi.
Ele lembrou que o dólar ficou baixo durante "boa parte deste ano", vendido abaixo de R$ 1,60, R$ 1,70, o que fez o preço das exportações ficar menor também. Segundo ele, a alta do dólar nos últimos meses ainda não compensa todos os problemas de competividade da indústria brasileira. "Falta investimento e modernização tecnológica. Nossas metas de exportação são muito dependentes das commodities agrícolas", avaliou o professor.
IMPRIMA ESSA NOTÍCIA ENVIE PARA UM AMIGO