A situação precária da BR-163 entre os municípios de Trairão e Novo Progresso, no Pará, tem refletido no aumento da recusa dos motoristas que trabalham transportando soja de Mato Grosso para os portos de Miritituba, em Itaituba (PA), e de Santarém (PA). O congestionamento no trecho chegou a pelo menos 50 quilômetros.
Transportadoras da região norte do estado sofreram prejuízos após motoristas passarem até 20 dias atolados na rodovia. Em Sinop, a 503 km de Cuiabá, teve empresa que diminuiu em até 85% o número de transportes para Miritituba (PA). E, mesmo com a liberação da rodovia, algumas devem demorar para sair do prejuízo.
Devido aos atoleiros, o preço dos fretes aumentou. O transporte de uma tonelada de soja de Sinop para Miritituba custa, atualmente, R$ 200, ou seja, R$ 30 mais caro que antes dos atoleiros. Porém, nem isso está sendo suficiente para conseguir motoristas dispostos a fazer a viagem.
É o caso de Erondi da Silva, que passou 15 dias preso em um atoleiro na rodovia e teve boa parte do caminhão danificado e teve que usar o lucro da viagem para consertar o veículo.
“Quando você vai fazer o resumo não sobra nada, porque a estrada leva o seu dinheiro, então não está como a gente queria. É pneu que desloca, é carreta que torce, molejo que quebra. Quebra tudo”, disse.
Com a recusa dos motoristas e os problemas apresentados pela estrada, o escoamento dos grãos rumo ao Pará gera dúvidas. Na avaliação do presidente do Sindicato Rural de Sinop, Antônio Galvan, parte das cargas deve passar a ser direcionada para os portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR), ainda que o custo do frete seja maior.
“O frete ultrapassou a casa dos R$ 300. Isso é uma realidade que veio de um prejuízo para todo o Brasil, por conta do descumprimento dessa exportação que já estava programada. Então com certeza o prejuízo foi na cadeia. Nós, como representantes do nosso setor, sentimos na pele também”, disse.