Cerca de 200 juízes e desembargadores, segundo o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, realizaram nesta segunda-feira (14) um ato de desagravo ao juiz Sérgio Moro, responsável pela operação Lava Jato. Os magistrados cantara o Hino Nacional posaram para uma foto usando suas togas, na sede da Associação dos magistrados do Estado do Rio de Janeiro (Amaerj), no Centro do Rio.
Segundo a presidente da associação, Renata Gil Alcântara, o ato foi uma iniciativa de juízes inconformados com as pressões sofridas por Moro, especialmente a contestação de decisões do juiz pelo Sindicato dos Advogados de São Paulo.
"Entendemos que essa manifestação dos advogados é uma interferência indevida. Decisões judiciais só podem ser contestadas pela instância superior. Por isso esta mobilização em favor da independência judicial, que é pilar da democracia", disse Renata.
A presidente da Amaerj também rebateu críticas de que a Lava Jato é uma operação feita para os holofotes da imprensa e que suas ações são sempre "espetacularizadas": "Não concordo com essa visão. O que acontece é que a Lava Jato é uma operação de repercussão nacional, devido ao envolvimento de políticos. É natural a busca da imprensa por informações sobre a operação e também da própria sociedade, que por sua vez quer ser informada do que está acontecendo".
Ao saber do ato, Sérgio Moro enviou nota à Amaerj, na qual se diz "tocado" pelo apoio dos colegas e lembra que as decisões da lava jato não são apenas suas, "mas corajosas decisões do TRF da 4 região e do STF. (...) O juiz não é livre para decidir. Está vinculado aos fatos, às provas, à lei e à constituição, para condenar ou absolver. Fora disso, qualquer interferência é indevida", escreveu Moro.