A implantação de um departamento de exportação e importação ou somente a relação comercial com outros países não se restringem às grandes empresas e indústrias. A troca mercadológica é uma opção inclusive para as micro e pequenas empresas interessadas em novo público consumidor ou em importar produtos com potencial aceitação local. Este ano, a média do saldo da balança comercial mato-grossense foi de US$ 1,074 bilhão, resultante dos cinco primeiros meses de 2012. Já o saldo do Brasil soma, neste período, o montante de US$ 6,265 bilhões, sendo que Mato Grosso registrou a expressiva cifra de US$ 5,370 bilhões, ou seja, apenas US$ 1 bilhão menor do que o nacional.
A significativa movimentação financeira na balança estadual é consequência, em grande parte, das exportações do agronegócio. Mas nem por isso as pequenas e micro empresas regionais estão de fora deste mercado. Um exemplo disso são as exportações feitas por pessoas físicas, que em 2010, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, somou US$ 126,097 milhões em Mato Grosso, que liderou o ranking nacional. Os demais envios, feitos por pessoa jurídica, são escalonados conforme o porte, ou seja, as grandes empresas foram as que movimentaram mais recursos e as micro, menos.
A decisão de estrear no mercado internacional é tomada após análise de alguns pontos, como demanda em outros países, viabilidade financeira e parceiros aduaneiros. O professor e especialista em comércio exterior e logística, Luiz Roberto Gomes Dias de Oliveira, explica que qualquer empresa pode implantar um departamento de exportação e importação e que o tamanho e a complexidade deste estará diretamente relacionado com o seu nível de internacionalização, o volume e a frequência de suas operações. "Podemos citar uma micro empresa que deseja começar a exportar. Muitas vezes ela não tem condições de contratar um profissional experiente ou uma empresa de consultoria para coordenar seu projeto de internacionalização. Neste caso, o próprio empresário ou alguém de sua confiança, dentro da atual estrutura, deve buscar apropriar-se de conhecimentos de comércio exterior (importação e exportação) e passar a responder por essas atividades".
Na indústria de refrigerantes Marajá, em Várzea Grande, o departamento de exportação e importação funciona desde 2000, quando as vendas e compras de outros países tiveram início. Atualmente, os principais parceiros comerciais da empresa são Bolívia, como importador, e China, fornecedor da unidade. Os trabalhos realizados pelo departamento, em sua maioria, são referentes à parte documental do processo de comercialização internacional.
Felipe Jacinto, que trabalha no departamento de exportação e importação da empresa, explica que o primeiro passo antes de estabelecer relação comercial é checar se o produto tem aceitação no país e depois partir em busca de um parceiro que represente a marca. Como explica, essa função é muito importante, porque a escolha errada pode significar o fim da atuação no país.
No caso de Patrícia de Lima, da indústria de máquinas secadoras para silos Casp, o departamento fica na sede da empresa, em São Paulo, mas quando há demanda local, ela desempenha a função de viabilizar a venda ou compra. "Realizo os trâmites necessários para liberação das mercadorias e a garantia dos incentivos que são concedidos para exportadores e importadores".
O especialista no assunto, Luiz Roberto, explica que não há uma fórmula pronta para identificar mercados compradores. "Há sim ferramentas, algumas gratuitas que identificam mercado e mantêm contato com Câmaras de Comércios. Outras pagas, como feiras ou consultorias, que podem nos ajudar a identificar potenciais mercados. Contudo, o êxito nessa prospecção está relacionado ao empenho e aos investimentos da empresa".
Na opinião dele, uma empresa que não deseja investir absolutamente nada em sua prospecção, que não se planeja, que não se prepara para atuar no mercado externo, certamente terá uma maior probabilidade de gastar mais tempo e recursos para viabilizar suas operações, além de potencializar de forma expressiva os riscos.
Curso – Para auxiliar as empresas interessadas em promover o comércio exterior ou implantar um departamento de importação e exportação, o Centro Internacional de Negócios (CIN) da Federação das Indústrias no Estado de Mato (Fiemt) promove capacitação empresarial com os cursos 'Como Estruturar um Departamento de Comércio Exterior' e 'Planejamento Estratégico de Exportação e Importação', ministrados pelo professor Luiz Roberto Gomes Dias de Oliveira.
Os próximos cursos ocorrem nos dias 24 e 25 de julho, na sede do Sistema Fiemt, em Cuiabá. A coordenadora do CIN, Gabriela Fontes, explica que o curso visa instrumentalizar empresas e industriais que buscam novos mercados e fornecedores, e que o sucesso destes investimentos dependem de um bom planejamento.
O professor Luiz Roberto afirma que o curso será focado em empresários de micro, pequenas, médias e grandes empresas que já exportam ou desejam exportar. "A linguagem fácil e acessível permitirá a todos o acompanhamento e entendimento dos pontos a serem abordados".
Além deste curso, está previsto para agosto o Workshop China, com a administradora Ling Wang, que atua como consultora para empresas que buscam mercado na China e Taiwan. Neste evento, está prevista a apresentação sobre as particularidades do mercado local, ambientes de negócios e as diferenças culturais nos negócios.