Para as populações indígenas, não é possível dissociar o direito à terra dos direitos à saúde, educação, cultura e ao esporte. Durante o 1º Fórum de Políticas Públicas de Esporte e Lazer para os Povos Indígenas, em Cuiabá, os participantes de 190 etnias reforçam a importância do respeito aos direitos fundamentais para que outras políticas, como as de esporte, sejam implementadas.
A mesa temática desta quarta-feira (08) abordou a relação entre esporte, lazer e sustentabilidade. O professor da Universidade Federal do Amazonas, Gersem Luciano, do povo Baniwa, destacou que sustentabilidade não tem conotação econômica para os índios, mas representa o modo de vida e a continuidade da cultura do povo. Para ele, o esporte e o lazer devem levar em conta as especificidades de cada etnia, lembrando que são atividades de aprendizagem, socialização e celebração, e não de consumo e mercado.
“Se é celebração, a dinâmica da vida vem sendo celebrada! É importante, então, nunca dissociar essas atividades, essas lutas por políticas de esporte e lazer, das outras lutas que são as chamadas finalísticas, as lutas vitais, por exemplo, a garantia do território, a garantia da sustentabilidade econômica, a sustentabilidade sociocultural e espiritual, que nunca podemos esquecer”, acrescentou.
Para a professora e coordenadora-geral de Estudos e Pesquisas de Esporte e Lazer do Ministério do Esporte, Ana Elenara da Silva Pinto, a lógica indígena de se trabalhar os temas em conjunto é a mais interessante, e é esse o modo que o ministério pretende seguir. O ideal, segundo ela, seria que todos tivéssemos essa consciência de que esporte e lazer devem sempre, desde criança, fazer parte do cotidiano das pessoas, enquanto promoção da qualidade de vida, enquanto direito previsto na Constituição. Isso, acrescentou, "sem fazer diferenciações, divisões de esporte educacional, esporte e lazer, esporte de alto rendimento, como prevê nossa legislação. Eles estão corretos. O desafio é inverter a nossa lógica e se adaptar à logica deles”.
Nesta quinta-feira (9), os debates incluem o direito ao território, considerado fundamental para possibilitar a prática esportiva e para a valorização das culturas tradicionais.