A CPI da Petrobras da Câmara deverá ouvir nesta terça-feira (14) o executivo Augusto Mendonça Neto, da Toyo Setal, um dos delatores do esquema de corrupção que atuava na Petrobras. Já na quinta-feira (16) os integrantes da comissão tomarão o depoimento do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, convocado na condição de testemunha para explicar empréstimos da instituição financeira a uma das empresas investigadas pela Operação Lava Jato.
Augusto Mendonça Neto relatou em sua delação premiada que parte da propina obtida com fornecedores da estatal do petróleo foi direcionada para o PT como doação oficial. Ele será o primeiro empresário a depor na comissão, que até agora ouviu apenas executivos e ex-funcionários da Petrobras, além do tesoureiro petista João Vaccari Neto.
Ao Ministério Público Federal, o delator contou que a empresa Toyo Setal, uma das fornecedoras da Petrobras, pagou entre R$ 50 milhões e R$ 60 milhões, entre 2008 e 2011, ao ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, que também foi preso pela PF e é réu na Lava Jato.
Os subornos, segundo o executivo da Toyo Setal, teriam sido pagos em espécie no Brasil e também por meio de contas bancárias no exterior. Mendonça disse ter chegado a negociar pagamento de propina diretamente com Renato Duque, no entanto, destacou que, normalmente, tratava do assunto com o então gerente da área de Serviços da estatal, Pedro Barusco, outro delator do esquema de corrupção.
Mendonça Neto também confirmou a existência de um cartel entre algumas das principais construtoras do país para dividir, entre si, a execução de obras da estatal do petróleo.
Para o relator da CPI, Luiz Sérgio (PT-RJ), o depoimento de Mendonça Neto poderá trazer uma contribuição “efetiva” aos trabalhos da comissão.
“Ele é uma pessoa-chave para entender o esquema que funcionava entre os funcionários da Petrobras e empresários”, observou o relator.
BNDES
Convocado para falar como testemunha, o presidente do BNDES terá de explicar aos parlamentares os empréstimos feitos pelo banco público de desenvolvimento à empresa Sete Brasil, especializada na construção e aluguel de sondas para a Petrobras. A companhia é um dos alvos da Operação Lava Jato.
Pedro Barusco, que atuou como diretor de operações da Sete Brasil após deixar o cargo de gerente da Petrobras, confessou ter cobrado propina dos estaleiros contratados para fazer as sondas.