Cenas explícitas de tristeza e morte numa aldeia da Síria prestaram nesta sexta-feira um testemunho sobre um massacre que adversários do presidente Bashar al-Assad disseram ter sido cometido por soldados governistas e milícias aliadas e que despertou indignação no resto do mundo.
A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, disse haver "evidências incontestáveis de que o regime assassinou deliberadamente civis inocentes". Ela exigiu que os inspetores da ONU tenham acesso à aldeia de Tremseh, onde foram barrados por militares na véspera, tornando-se espectadores de várias horas de bombardeios e tiros.
Mas a reação da comunidade internacional não passou da retórica por causa da divisão das grandes potências sobre a Síria e por não ter ficado clara a ordem precisa dos fatos de quinta-feira. Ativistas estimam o número de mortos entre mais 100 e mais de 200.
"Condeno nos mais fortes termos possíveis o uso indiscriminado da artilharia pesada e o bombardeio de áreas habitadas, inclusive os disparos a partir de helicópteros", disse o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, acrescentando que o caso gera "sérias dúvidas" sobre o recente compromisso de Assad com um plano de paz internacional.
O enviado especial internacional da ONU para a Síria, Kofi Annan, condenou as "atrocidades", enquanto chegava à Internet um vídeo mostrando os resultados do massacre na província rebelde de Hama.
Annan disse que o incidente mostra que as resoluções da ONU pedindo a paz estão sendo descumpridas e informou que escreveu ao Conselho de Segurança pedindo penalidades à Síria por isso. Mas Rússia e China continuam usando seu poder de veto no Conselho para blindar Assad de qualquer sanção.
"A história julgará este Conselho", disse Hillary, enquanto a Casa Branca declarava que Assad perdeu a legitimidade para governar. "Seus membros devem se perguntar se continuar a permitir que o regime de Assad cometa uma violência indescritível contra o seu próprio povo é o legado que eles desejam deixar", afirmou a secretária.