O ex-diretor da Odebrecht Hilberto Mascarenhas contou no início do mês, em depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que, quando fazia depósitos no exterior, a construtora priorizava o pagamento de propina em euros para dificultar o rastreamento dos recursos pelas autoridades fiscais.
Um dos 78 delatores da Odebrecht, Mascarenhas era o responsável pelo Departamento de Operações Estruturadas da empreiteira, setor que ficou conhecido como "departamento de propina".
A declaração foi prestada pelo ex-dirigente da construtora no papel de testemunha da ação que pede a cassação da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer por suposto abuso de poder político e econômico na eleição presidencial de 2014.
Mascarenhas explicou que a precaução de depositar euros nas contas fora do país era tomada porque o dólar era mais fácil de ser rastreado. Ele também relatou que, quando os subornos eram feitos em dinheiro, ocorriam em "todos os lugares", desde hotéis a "cabarés".
"Em todos os lugares. Você não tem ideia dos mais lugares absurdos se encontra, no cabaré...", narrou o delator.
O ex-diretor do departamento de propina disse ainda ao TSE que uma das regras para o pagamento de propina a políticos e intermediários era que o pagamento máximo feito em dinheiro não poderia ultrapassar R$ 500 mil. De acordo com Mascarenhas, a regra se devia ao fato de que a quantia era o máximo que cabia em uma mochila.