Mato Grosso, 28 de Março de 2024
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Menina agredida em colégio estudará o resto do ano em casa, diz mãe

01.10.2014
10:38
FONTE: G1

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  • Julia Apocalipse foi agredida na saída da escola em Sorocaba
A menina agredida dentro de uma escola estadual em Sorocaba (SP) não voltará para o colégio este ano. A estudante Júlia Apocalipse, de 13 anos, que sofreu várias lesões e perdeu dois dentes depois que apanhou de uma jovem de 16 anos na saída da escola estadual Hélio Del Cistia, no Jardim São Guilherme, Zona Nrte da cidade, no dia 9 de setembro, pediu à família para estudar em outro lugar.

De acordo com a mãe da adolescente, Débora Apocalipse, Júlia vai mudar de colégio a partir do ano que vem. “Temos dois colégios em mente e agora ela vai decidir para onde quer ir. Já aconteceu tudo o que podia naquela escola, muita gente apoiou e outros riram dela. Ela não precisa mais passar por isso”, explica a mãe da menina, em entrevista ao G1.

Para não perder o semestre, a estudante foi autorizada pelos professores a encerrar todas as disciplinas com trabalhos escolares. “Ao invés de fazer provas, ela foi autorizada a elaborar trabalhos em casa para todas as matérias. Ela tem o prazo de 30 dias para entregar para a escola avaliar o semestre”, afirmou a mãe.

Segundo Débora, Júlia está bem e se recupera das lesões no rosto, principalmente na boca. A menina precisará fazer acompanhamento mensal no dentista em Atibaia (SP) e passará também por avaliações psicológicas. “Ela está evoluindo a cada dia, mas acreditamos que ela precisa de todo apoio possível depois de tudo o que passou. Evitamos que ela saia sozinha de casa, mesmo que seja em algum lugar perto. É o que conseguimos fazer para preservá-la”, diz.

Tentativa de homicídio

Em entrevista ao G1, o delegado da Delegacia da Infância e Juventude (Diju) Alexandre Cassola, responsável pelo caso, disse que não descarta a hipótese de tentativa de homicídio. “Inicialmente não foi do meu convencimento que se tratava de uma tentativa de homicídio, mas no laudo irá apontar a gravidade das lesões e, por isso, não descarto a possibilidade. O laudo é a materialização da intenção do crime”, explica.

O exame de corpo de delito de Júlia foi feito no dia 15 de setembro no Instituto de Criminalística em São Paulo. O resultado deve ser entregue em até 30 dias.

O Procedimento de Polícia Judiciária - instaurado pela Diju para apurar o caso - foi baseado no registro de ato infracional de lesão corporal. Foram ouvidas as duas adolescentes envolvidas no caso, o pai de Júlia Apocalipse, os policiais militares que registraram a ocorrência e uma inspetora de alunos da escola.

 “A funcionária da escola nos trouxe o vídeo, mas as imagens estão ruins. Enviamos para o IML (Instituto Médico Legal) na tentativa de melhorar as imagens para avaliarmos a situação”, informa o delegado. Segundo ele, a inspetora garantiu que a briga ocorreu fora da unidade de ensino.

De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a internação na Fundação Casa é prevista se o menor foi apreendido em flagrante ou se for avaliado que a conduta do adolescente mereça esta medida. “A agressora não tem histórico de atos infracionais, então, relatamos o procedimento à Vara da Infância e Juventude sem pedir sua apreensão”, explica o delegado.

O delegado comparou o caso ao da agressão de São Roque (SP), no qual Fernanda Regina Cézar Santiago sofreu traumatismo craniano após levar uma forte cotovelada no dia 16 de agosto, em São Roque (SP), de Anderson Lúcio de Oliveira.

“No caso de São Roque, a agressão resultou em trauma craniano com perda de massa encefálica. Já em Sorocaba, nota-se que as agressões foram direcionadas para região da boca, que não é uma área letal. Tem que partir do pressuposto de que o autor quer matar a vítima para falar-se em tentativa de homicídio”, esclarece Cassola.

Segundo o pai, Jairo Apocalipse, a jovem apanhou "por ser bonita". “Me contaram que ela (a agressora) batia na minha filha e gritava: ‘Quero ver quem vai te querer agora, quero ver você ser bonita agora’”, disse o aposentado em entrevista ao G1, no dia 10 de setembro.

Em nota, a Secretaria da Educação do Estado negou que a agressão tenha ocorrido dentro da escola e informou que a agressora não está matriculada naquela instituição de ensino.

Motivação

No dia 11 de setembro, a agressora esteve na Delegacia de Infância e Juventude com o tio, que é seu tutor legal, e disse que bateu na adolescente para defender uma amiga. "Ela chamou minha amiga de 'macaca'", afirmou na ocasião.

Após a suposta ofensa, segundo ela, as duas passaram a trocar mensagens com ameaças, até que Júlia a bloqueou. Ela decidiu, então, ir até a porta da escola para "tirar satisfações". "Na escola continuamos a briga, ela caiu e mordeu meu pé. Depois, rolou pela escada e desmaiou", disse.

A jovem também disse que não sabe o motivo pelo qual a vítima ficou tão machucada. "Não sei o que ela fez na boca para ficar daquele jeito. Dei alguns murros, mas não foram fortes."

O delegado Carlos Marinho ouviu Júlia no dia seguinte. Segundo ele, a vítima afirmou que nunca havia conversado com a agressora, nem pelas redes sociais. A estudante negou ter feito ofensas racistas para qualquer amiga da agressora. “Nem a conheço, nem sei que são seus amigos e amigas”, disse.

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