Mato Grosso, 28 de Março de 2024
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Kátia Abreu diz que Serraglio a pressionou a não demitir alvo da Carne Fraca; ele nega

22.03.2017
09:16
FONTE: G1

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  • Montagem mostra a senadora e ex-ministra da Agricultura Kátia Abreu (PMDB-TO) e o deputado e atual ministro da Justiça, Osmar Serraglio (PMDB-PR)
A senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) subiu à tribuna nesta terça-feira (21) para dizer que, no período em que comandou o Ministério da Agricultura (2015-2016), foi pressionada por dois deputados do PMDB para não demitir o então superintendente regional do ministério no Paraná, Daniel Gonçalves Filho.

Gonçalves Filho é um dos investigados na Operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal na semana passada e descobriu um esquema de corrupção no qual fiscais do Ministério da Agricultura liberavam licenças para frigoríficos sem a devida fiscalização.

Após o pronunciamento de Kátia Abreu, o G1 procurou a senadora, e ela declarou que os dois deputados que a pressionaram para manter Gonçalves Filho no cargo foram Osmar Serraglio (PMDB-PR), atual ministro da Justiça, e Sérgio Souza (PMDB-PR).

Em seguida, a ex-ministra da Agricultura disse que, mesmo diante da suposta pressão dos parlamentares, decidiu demitir o superintendente. No discurso, ela chegou a afirmar que comunicou a decisão à então presidente Dilma Rousseff, que a disse: "Demita já! Faça o que tem que ser feito."

Procurada, a assessoria de Serraglio informou que o ministro "nega ter feito qualquer tipo de pressão" sobre a então ministra da Agricultura.

A assessoria também divulgou uma nota à imprensa, na qual disse que a indicação de Daniel Gonçalves Filho partiu do ex-deputado Moacir Micheletto, que morreu em 2012.

Ainda na nota, o Ministério da Justiça acrescentou que Serraglio nunca tratou com o governo de "forma individualizada" sobre assuntos relacionados ao então superintendente, mas, sim, sempre falou em nome da bancada do PMDB do Paraná.

Também em nota, o deputado Sérgio Souza afirmou que Daniel Gonçalves foi indicado pela bancada do PMDB do Paraná e, por se tratar de "mera indicação", competia à então ministra "efetuar ou não a nomeação".

Em seguida, o parlamentar afirmou que, quem conhece a ex-ministra, "sabe que ela não é de aceitar e muito menos ceder às pressões."

A nomeação do superintendente
Deflagrada na última sexta-feira (17), a operação apura o envolvimento de fiscais do Ministério da Agricultura em um esquema de liberação de licenças e fiscalização irregular de frigoríficos.

Segundo as investigações, no Paraná, Daniel Gonçalves Filho era um dos comandantes do esquema de recebimento de propinas para liberação e fiscalização irregular de frigoríficos.

De acordo com Kátia Abreu, a nomeação do superintendente regional no Paraná cabia à bancada do PMDB do estado e quem o indicou foram Osmar Serraglio e Sérgio Souza.

A ex-ministra disse que a pressão começou quando o ministério abriu um processo administrativo contra Daniel Gonçalves Filho em razão de um caso de suposto roubo de combustível. À época, disse Kátia Abreu, a corregedoria do órgão recomendou a demissão do então superintendente.

"Eles [Serraglio e Souza] me procuravam e diziam: 'Deixa disso, esquece isso, é bobagem'", disse a peemedebista ao G1.

"Esse cidadão que foi nomeado [Daniel] tinha processos administrativos no ministério. E eu nunca vi, em todo o período em que lá estive, e nunca tive notícias de uma pressão tão forte para não tirar esse bandido de lá", já havia dito Kátia Abreu em plenário.

Segundo a senadora, a pressão de Serraglio e Souza foi "tão forte" que ela teve de ligar para Dilma para relatar o assunto.

"[Os deputados] insistiram para que a lei não fosse cumprida ao ponto de eu ter que ligar para a presidente Dilma e lhe dizer a minha decisão de demitir e que, com as consequências políticas, eu ia arcar. Ela [Dilma] imediatamente disse: 'Demita já! Faça o que tem que ser feito'. Mas foram dias de pressão no ministério", acrescentou a senadora.

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