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Fotógrafa organiza festa de 15 anos para garota torturada por 4 menores

22.10.2016
09:25
FONTE: G1 GO

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  • Natielly (à dir.) com vítima de tortura

Assim como milhares de pessoas, a fotógrafa Natielly Ribeiro Carvalho Silva, de 19 anos, ficou chocada ao ver pelas redes sociais o vídeo em que uma garota é torturada por quatro menores, em Trindade, Região Metropolitana de Goiânia. Mas ela resolveu ir além da indignação. Achava que poderia fazer a menina feliz após tanto sofrimento. Foi desse sentimento que surgiu a ideia de organizar uma grande festa de 15 anos para a adolescente, que ainda se recupera da traumática experiência.

Segundo a investigação da polícia, parte da tortura foi motivada pela comemoração do aniversário da garota. Ela teria buscado ajuda com o ex-namorado de uma das agressoras para organizar sua festa de debutante, o que provocou ciúmes e culminou com as agressões de pau e facão, ocorrida no último dia 29 setembro e filmadas pelo grupo, que tem entre 13 e 16 anos.

"Acompanho muito a transição da idade dessas meninas. Quando eu soube da motivação [da tortura] eu senti que ela merecia ter a festa por tudo que passou. Eu imaginei: 'é o sonho de tantas meninas e o dela virou um pesadelo", disse Natielly.

O primeiro passo era se aproximar de menina. Em seu perfil no Facebook, comentou sobre a ideia. Uma amiga da garota a adicionou em um grupo de Whatsapp e o primeiro contato foi estabelecido. Ela lembra que, no início, enfrentou resistência.

"Quando falei com ela, a resposta foi negativa. Ela estava retraída e disse que ainda tinha medo das outras meninas e que nem me conhecia. Daí eu comecei a buscar a confiança dela, conversei com a mãe até que um dia ela mesma perguntou se a ideia estava de pé", lembra.

Mobilização

Com a autorização da aniversariante, Natielly criou uma verdadeira mobilização para conseguir parceiros em sua empreitada. Naturalmente, ela ofereceria os serviços de fotografia e filmagem do evento, mas ainda precisava de todo o resto.

"Como trabalho em muitas festas, entrei em contato com alguns fornecedores e tudo tomou uma proporção gigantesca. Muitas pessoas estão ajudando. Ele merece. Tudo isso é para que ela se sinta bem, que existem pessoas boas", conta.

Até agora, a fotógrafa já conseguiu boa parte do necessário: local para realização da festa, cabelo e maquiagem para a garota em um salão de beleza, vestido, DJ e brindes que serão distribuídos.

Na próxima semana, ela vai se reunir com outras pessoas para tentar fechar as outras pendências, como o buffet, os doces e a decoração.

Natielly diz que quer oferecer à adolescente a "festa dos sonhos". Para isso, diz que a menina vai participar de todo o processo de organização para que tudo tenha o "gosto dela".

Cerca de 350 pessoas devem ser convidadas. A data não será divulgada por questões de segurança, mas a fotógrafa revela que a festa ocorrerá em dezembro - mês de nascimento da menina - em um salão de Goiânia.

Tortura

A tortura ocorreu depois que a menina foi atraída para a casa de uma das suspeitas sob o pretexto de que haveria uma festa no local. Ao chegar, ela foi esfaqueada e agredida com pedaço de pau e um facão em uma sessão de tortura que durou quase 4 horas. Até mesmo uma cova foi feita no quintal da casa para que a menina fosse sepultada.

“Elas começaram a me bater, me amarraram, me mostraram onde eu iria ser enterrada. Nisso, me deram uma facada e me colocaram na cova. Pensava só que eu ia morrer", contou a vítima, na ocasião.

Após ser apreendida e relatar o que aconteceu, uma das menores, de 14 anos, se indignou porque a vítima conseguiu escapar. "Todo mundo aqui estava com raiva dela. Porque ela não gosta da gente por causa desse negócio de namoradinho. No nosso pensamento, íamos bater nela, ela ia morrer e nós íamos enterrar ela. Só que aí não deu certo porque nós somos frouxas, sabe. Nós não damos conta de começar o serviço e terminar", disse.

As quatro menores foram apreendidas e encaminhadas para centros de internação em Goiânia e Formosa, no Entorno do Distrito Federal.

A mãe da vítima disse que não perdoa as agressoras. "Elas vão sair pior do que entraram. Aí elas vão matar não só a minha filha como qualquer outra que olhar para elas de cara feia. Não tem perdão uma coisa dessas porque isso aí é desumano", desabafou a mulher, que prefere não se identificar.

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