A experiência de passar uma semana atuando como senadora no Parlamento Federal é apenas umas das conquistas que Andressa Costa da Silva pretende colecionar. A jovem de 17 anos cursa o 3º ano do ensino médio na Escola Estadual União e Força, em Cáceres, no período matutino. À tarde, faz um curso técnico e à noite, quando finalmente chega em casa, a programação é estudar.
Andressa é a antepenúltima filha de uma família de oito irmãos. O pai é motorista de caminhão e a mãe uma auxiliar de serviços gerais, os dois desempregados no momento. Hoje, apenas a estudante, os pais e dois irmãos residem na casa da família. A menina já está de férias do curso técnico, mas passa a tarde estudando na biblioteca municipal, que além dos seus companheiros habituais, os livros, contém outro atrativo: a internet que ela já não possui em casa.
“Minha mãe fez bolos e doces para vender por algum tempo. Mas não deu pra continuar. Meu pai é caminhoneiro, você sabe como é né? Está correndo atrás de conseguir um frete”, explica a estudante.
Os obstáculos, ocasionados por uma vida com pouco dinheiro, são aos poucos superados pela garra da menina e apoio da família e escola. Apoio que ela pretende estender para todos os estudantes do município onde mora, localizado no interior de Mato Grosso, 234 quilômetros distante da capital, Cuiabá.
“O meu sonho sempre foi passar em medicina. É pra isso que eu estudo. Quero ajudar outros estudantes a realizar os próprios sonhos, por meio da educação. Existem projetos de leitura aqui em Cáceres, mas o meu projeto é torna-los mais acessíveis a todos os alunos”, conta Andressa.
Após retornar de Brasília, onde foi empossada no dia 17 de novembro e permaneceu até o dia 20, Andressa conversou com políticos e lideranças locais, no intuito de conseguir instituir a Câmara Mirim. Para ela a educação política e a aproximação às instituições públicas são primordiais para os estudantes.
A jovem se aproximou do assunto com a professora de história da escola União e Força, Luciene Castilho Queiroz. A professora trata assuntos históricos e atualidades da política em sala de aula durante todo ano letivo. Os seus ensinamentos foram reforçados por Nathalia Lima Janones, colega de Andressa na escola, que se classificou em primeiro lugar no concurso Jovem Senador em 2014.
A vitória de Nathalia foi um incentivo a Andressa, que desde então traçou o objetivo. “Eu falei para os meus amigos que eu ia participar e ganhar, alguns riram, mas eu estudei e venci”. Com a decisão tomada, a jovem escreveu a redação “Comprometimento Político, questão de ética e saber” com a orientação da professora Luciene.
Jovem Senadora
Andressa Costa da Silva e mais 26 estudantes entre 15 e 19 anos que cursam o ensino médio em escolas públicas estaduais e do Distrito Federal foram selecionados por meio de um concurso de redação para a 8ª edição do projeto Jovem Senador.
Durante a semana, os estudantes conheceram o funcionamento do Poder Legislativo participando de reuniões de comissões e sessões do Plenário, sempre acompanhados por consultores legislativos do Senado. Os jovens senadores foram recebidos pelo presidente do Senado, Renan Calheiros, visitaram monumentos históricos de Brasília, como o Palácio do Planalto, posaram para fotos oficiais e concederam entrevistas.
Depois de passarem uma semana em Brasília, conhecendo o funcionamento do Poder Legislativo e discutindo sugestões de projetos, os 27 participantes do Projeto Jovem Senador 2015 encerraram as atividades na sexta-feira (27.11) votando no Plenário as propostas que eles elaboraram. Os textos serão encaminhados à Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), que poderá transformá-los em projetos de lei. Os jovens senadores votaram sugestões em educação, processo eleitoral e meio ambiente.
Andressa participou da formatação do Projeto de Lei do Senado Jovem 3/2015, ele prevê que a Justiça Eleitoral criará um espaço nos locais de votação durante as eleições para a coleta de assinaturas de apoio a projetos de lei de iniciativa popular. O texto determina que as iniciativas populares deverão ser encaminhadas à Justiça Eleitoral com antecedência de seis meses da data das eleições, para divulgação. O objetivo é gerar economia aos governos, realizando duas ações em uma só e permitir aos eleitores participarem mais efetivamente da política.
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