Mato Grosso, 19 de Abril de 2024
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Sucesso nas vendas de doces na faculdade leva jovem a abrir doceria

17.03.2017
10:33
FONTE: Lislaine dos Anjos/G1 MT

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  • Tarso Quadros decidiu abrir empresa em 2009 e atendia em casa
O sonho de abrir um negócio próprio e o talento na cozinha fez com que um universitário que vendia doces na faculdade fundasse a sua própria empresa aos 25 anos, em Cuiabá. Atualmente dono de uma doceria na capital, Tarso Quadros, de 33 anos, é um dos 100 mil jovens que administram o próprio negócio em Mato Grosso, conforme pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O empresário contou que a vontade de abrir uma empresa surgiu quando ainda era criança, por estímulo dos pais, mas que ganhou força mais adiante depois das vendas dos doces na faculdade.

“Na minha infância, meus pais sempre me motivaram a vender alguma coisa, comercializar, trabalhar para poder gerar renda própria, ser independente. Esse foi o 'start' para eu sempre querer ter a minha empresa”, disse.

Segundo ele, trabalhar colocando a mão na massa para fazer bolos e doces foi algo natural, após observar a mãe, Fabíola Bordignon, seguindo receitas de família para servir aos amigos e atender encomendas em casa.

“Meus pais vieram do Rio Grande do Sul para Cuiabá há uns 35 anos e ela passou a trabalhar à noite, periodicamente, fazendo receitas que aprendeu com a mãe e com a avó dela”, disse.

Já na faculdade, quando cursava administração de empresas, Tarso decidiu dar o pontapé para criar a sua doceria, apoiado pela então namorada e atual mulher, Caroline Fantin. Inicialmente, o objetivo do casal era apenas vender doces para juntar dinheiro e fazer uma viagem em família para a Bolívia, no final de 2008. No entanto, o sabor dos doces – que ele frisa serem receitas de família – conquistou os clientes e, no ano seguinte, eles decidiram oficializar o negócio.

“O nome da empresa surgiu durante uma brincadeira na viagem, remetendo ao nome da minha mãe. Em fevereiro de 2009 eu já abri o CNPJ, porque queria começar tudo da forma certa, regularizar legalmente a empresa, ainda que ela não existisse fisicamente. Não havia estrutura, mas já existia um produto, uma fabricação, uma venda, uma compra de insumos”, explicou.

Com a ajuda da mãe e da mulher, ele passou a aumentar a escala de produção. Nesse período, tudo era feito em casa, mas isso não impediu o empresário de ousar.

O casal aproveitou os contatos que possuía na faculdade para passar a oferecer os produtos para as turmas que juntavam dinheiro para as festas de formatura pudessem revender.

“A partir daí, os doces começaram a ter as cores de acordo com o sabor, etiqueta com validade, telefone, tudo padronizado. As pessoas começaram a gostar do produto e passaram a ligar, perguntando se não recebíamos encomenda para festas”, relembrou.

Do sistema de revenda, o casal passou, em 2011, a se tornar conhecido no setor de eventos, passando a receber encomendas para festas, serviço que, até hoje, é o mais atendido pela empresa. Um ano depois, o trio passou a atender apenas a pedido. “Nesse período todo, nós trabalhávamos apenas em casa. Transformamos uma cozinha da área de lazer em uma cozinha para trabalho, o escritório foi adequado para receber clientes, mas fazíamos tudo em casa”, disse.

A demanda de trabalho aumentou a ponto do trio precisar contratar duas funcionárias, antes mesmo de ter uma loja física, o que só ocorreu em dezembro de 2013. Com a escolha do ponto de venda – um imóvel próprio – e o aporte financeiro da família, eles inauguraram a loja física dias antes do Natal.

Investimento e risco
Ao todo, eles investiram cerca de R$ 450 mil para abrirem a doceria, entre estrutura, equipamentos, matéria-prima e capital de giro. Segundo Tarso, tudo foi minuciosamente calculado ao longo dos anos e o planejamento foi essencial para o sucesso do negócio.

“Quando a gente pensa em abrir uma empresa, em montar um negócio, é tudo muito lindo para quem está de fora. Quando você está dentro do processo, você vê que nada é do jeito que você pensava. Quando abrimos a loja, eu atendia, vendia, produzia. Eu não tinha atendente. É corrido, desgasta fisicamente e psicologicamente, mas não se pode dar um passo maior que a perna, principalmente em relação a finanças. Porque as dívidas ficam. O risco do negócio é seu, exclusivamente seu”, afirmou.

O empresário ressaltou as dificuldades enfrentadas para abrir um negócio próprio no Brasil e disse que, para manter a empresa crescendo, o casal precisou fazer escolhas difíceis e adiar alguns sonhos, como o casamento, que apenas foi concretizado no ano passado.

“Não fizemos sacrifícios para abrir a loja, fazemos até hoje. É um fim de semana que não podemos estar com a família, com os amigos, até porque a gente trabalha mais nos finais de semana”, relatou.

Crise
Atualmente com sete funcionários – além da mãe e da mulher, que também marcam presença na empresa –, Tarso contou que trabalha com foco em expandir a área de atuação da loja no estado e aumentar o espaço físico. Ele revelou que sentiu a crise financeira que assolou o país, mas a partir da redução de custos de até 15%, a loja conseguiu se manter com lucro, inclusive melhorando as vendas em alguns casos.

“Com a crise no país, as pessoas não deixaram de fazer festas, casamentos ou eventos. Porém, a média hoje de convidados, por exemplo, diminuiu de 250 para 150. Essa é a média hoje. Ou seja, os eventos existem, mas agora o esforço de venda precisa ser maior. Apesar da crise, conseguimos melhorar o nosso perfil de venda e não sofremos um impacto financeiro direto”, avaliou.

Pesquisa
Uma pesquisa intitulada "Os Donos do Negócio no Brasil", realizada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) com base em dados da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios de 2014 (PNAD), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aponta em em Mato Grosso há cerca de 100 mil jovens donos do próprio negócio.

O economista Anderson Nunes acredita que o crescimento de jovens no mercado empresarial se dê pelo perfil visionário da chamada "Geração Y", formada por pessoas nascidas a partir dos anos 90. Segundo ele, a carreira pública já não é mais algo tão cobiçado por esses jovens, pois “existe uma grande frustração no setor".

"Apesar de ainda ser algo concorrido e devido as faltas de oportunidade no setor privado, muitos preferem a liberdade de abrir um próprio negócio”, relatou.

Mato Grosso possui mais de 2 mil restaurantes e similares. O setor mais procurado pelos jovens empreendedores ocupa a 7º colocação entre os que representam destaque na economia do estado, segundo o Sebrae. De acordo com Anderson, o setor de alimentação tende a crescer no estado, pois, apesar de não liderar a economia, outros setores dependem indiretamente dele.

Primeiro negócio
Segundo o Sebrae, o primeiro passo que o empreendedor em potencial deve realizar, sendo jovem ou não, é pesquisar sobre o ramo de negócio escolhido e avaliar o mercado, além de se capacitar e fazer um plano de negócios para descobrir a melhor maneira de atuação da empresa.

O custo mínimo para abrir uma empresa atualmente é de R$ 290. O valor do alvará de localização pode variar de acordo com o tamanho do comércio. Os alvarás devem ser expedidos pela prefeitura. Após o segundo ano de funcionamento do negócio, é preciso pagar o alvará de funcionamento.

Os microempresários recebem atendimento presencial e à distância do Sebrae-MT, por meio do site da instituição, além de podem participar de palestras, cursos e oficinas para auxiliar na abertura do primeiro negócio, de acordo com a instituição o atendimento serve para auxiliar no planejamento da atividade empresarial.

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