Mato Grosso, 29 de Março de 2024
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Índios fazem passeata em Cuiabá contra portaria do governo federal

27.10.2016
09:06
FONTE: G1 MT

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  • Índios fizeram passeata pela Avenida Getúlio Vargas, em Cuiabá
Dezenas de indígenas de diversas etnias estão fazendo um protesto em Cuiabá, nesta quarta-feira (26), contra uma portaria 1907, do governo federal, que teria retirado a autonomia da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), submetendo as aldeias às decisões centralizadas do Ministério da Saúde. Segundo os organizadores, cerca de 200 índios participaram do ato. A Polícia Militar não divulgou a estimativa de participantes.

A concentração teve início a partir das 14 horas [horário de Mato Grosso], na Praça Alencastro, no Centro da capital. Os índios se organizaram no local e saíram, por volta das 16 horas, em uma passeata pela Avenida Getúlio Vargas, na capital, até chegar ao Ministério Público Federal (MPF), onde protocolaram um documento contra a portaria.

Para o presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena em Cuiabá (Condisi), Osmar Rodrigues, 34, a portaria reflete em perda de autonomia e risco à saúde dos povos indígenas.

“A saúde indígena tem sido um direito destruída diariamente. Eles colocam, agora, pessoas que não conhecem a nossa realidade para cuidar da nossa saúde, que não conhecem os nossos dilemas. Terminar com o Sesai é um ataque a todos os povos indígenas, porque foi uma ideia nossa, com uma consulta de base em todo o Brasil”, disse.

De acordo com o presidente do Condisi, a portaria limita a liberação de passagens para a realização de consultas médicas, exames laboratoriais de média e alta complexidade e cirurgias.

“O governo quer municipalizar a saúde indígena, que já não é das melhores para atender os problemas complexos de saúde. A gente luta pela atenção básica dos índios, que ela não acabe onde ela deve ser feita, nas aldeias”, disse.

O índio Umutina Delisberto Kupudunepea, de 29 anos, que é engenheiro sanitário, disse que, com a portaria, as equipes também tem sofrido problemas para creditar combustível nos carros que transportam os pacientes para serem atendidos nas cidades.

“Nós temos um limite de crédito mensal para isso. Quando ele acaba, nós simplesmente temos que esperar o próximo mês para transportar os doentes. Mas a saúde não funciona assim", disse.

O índio Dunis Enawenê-Nawê, de 68 anos, saiu de Brasnorte, a 580 km de Cuiabá, para participar do protesto. Ele conta que, além da portaria, também quer chamar a atenção para a falta de assistência na aldeia onde vive.

“Na minha aldeia não temos um posto de atendimento de saúde há três meses. Falta água, falta tudo”, disse.

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