Família espera até dois meses por liberação de corpo no IML de Cuiabá

A falta de profissionais no setor de antropologia do Instituto de Medicina Legal (IML) de Cuiabá tem feito com que famílias aguardem até dois meses para a liberação de corpos encontrados em decomposição e que necessitam de identificação oficial. Nesses casos, o trabalho de necropsia precisa ser minucioso e demanda tempo, porém o IML de Cuiabá possui apenas quatro técnicos habilitados no setor, que cumprem apenas o plantão de 24 horas.

Um dos casos de espera registrados na capital é o vivido pela aposentada Luzia Inês, que aguarda há meses pela liberação do corpo do filho, Carlos Roberto de Castro, de 53 anos. Ele faleceu no dia 17 de setembro, mas seu corpo foi encontrado apenas 11 dias após a sua morte. A aposentada já protocolou pedidos de liberação do corpo no IML e na Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec), mas não obteve resposta e ingressou com uma ação na Justiça.

Outro caso que chama a atenção pela demora na resolução é o do corpo de um bebê encontrado no lixão de Cuiabá há dez dias.  Ele aguarda, no IML, pela definição da causa da morte e identificação. Segundo o diretor metropolitano do instituto, Dionésio José Andreoni, os técnicos tentam agilizar o trabalho de necropsia nos momentos de intervalo, mas a demanda é grande.

“Isso faz com que apareçam dificuldades pontuais, como ocorrências simultâneas que, às vezes, são atendidos simultaneamente e, então, há um tempo de espera, além da sobrecarga f´siica que causa ao servidor, que não tem sossego em momento algum”, afirmou.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Peritos Oficiais Criminais de Mato Grosso, Alisson Fagner dos Santos Trindade, a situação é mais grave para os técnicos em necropsia e papiloscopia, mas há defasagem em toda a Politec.

“A Politec tem passado por um processo de sucateamento durante os últimos governos. Então, você tem um déficit de profissionais e de estrutura, tanto nas unidades da capital quanto [nas unidades] do interior. Então, isso tem gerado uma 'bola de neve'”, disse.

O governo do estado afirmou que está trabalhando para recompor e melhorar a estrutura da Politec no estado e que já deu início aos procedimentos para a realização de um concurso público. No entanto, o certame deve ser realizado apenas no ano que vem, devido ao limite de gastos orçamentários que o estado precisa manter, segundo determina a Lei de Responsabilidade Fiscal.