Mato Grosso, 28 de Março de 2024
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Ex-secretário chora e confessa que recebeu quase R$ 1 mi em propina

29.08.2016
18:37
FONTE: Carolina Holland/G1 MT

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O ex-secretário de Administração de Mato Grosso, Pedro Elias Domingos de Mello, confessou nesta segunda-feira (29) à Justiça que fez parte de uma organização criminosa da qual também era membro, entre outras pessoas, o ex-governador Silval Barbosa (PMDB), e que recebeu dinheiro de propina de duas empresas que prestavam serviços para o estado. O depoimento foi prestado à 7ª Vara Criminal. O processo é oriundo das investigações da operação Sodoma, da Polícia Civil.

Pedro Elias, que firmou acordo de delação premiada, deu início ao depoimento pedindo perdão pelos crimes. “Hoje os meus valores são muito diferentes. Quero pedir desculpa pelo mal que fiz por ter participado dessa organização criminosa”, disse, chorando, o ex-secretário. Ele se emocionou outras vezes durante o depoimento, que teve início às 10h e que se estendeu ainda durante a tarde.

Segundo Pedro Elias, os membros da organização criminosa eram ele, Silval Barbosa, o ex-secretário da Casa Civil, Pedro Nadaf, o filho de Silval, Rodrigo Barbosa, o ex secretário adjunto de Administração José Nunes Cordeiro, o ex-secretário de Fazenda, Marcel de Cursi e o ex-procurador do estado, Chico Lima.

O réu disse à Justiça que recebeu da Consignum, empresa de empréstimos consignados, em forma de propina, R$ 100 mil e mais dois apartamentos avaliados em R$ 350 mil. Confessou também que recebeu aproximadamente R$ 510 mil da empresa Web Tech, companhia de tecnologia da informação. Com exceção dos apartamentos, o restante foi pago em dinheiro.

O ex-secretário contou que começou a participar do esquema em 2013, quando, a mando de Silval Barbosa, procurou o empresário Williams Mischur, dono da Consignum, para saber se ele estava pagando propina ao grupo criminoso, já que o governador estava desconfiado que César Zílio, na época secretário de Administração, não estava repassando ao grupo o dinheiro oriundo do esquema. Zílio também firmou acordo de delação premiada e assumiu ter recebido propina.

O réu disse que Silval voltou a pedir, no mesmo ano, que ele procurasse Mischur novamente pelo mesmo motivo. “O César saiu da SAD [Secretaria de Administração] por causa dessa desconfiança”, contou. Depois que Pedro Elias assumiu a SAD, ele ficou encarregado de recolher a propina com Mischur.

Reuniões e pagamento

As reuniões entre Pedro Elias e Silval ocorriam tanto no gabinete quanto no apartamento do então governador. O ex-secretário contou ainda que Mischur atrasou alguns pagamentos de propina ao grupo e que ficou acordado com Silval que seriam pagos R$ 900 mil referentes a esses atrasos.

Porém, foram pagos R$ 600 mil do valor acordado, porque o empresário alegou que não conseguiu levantar mais dinheiro do que isso. A verba foi entregue no apartamento de Mischur, dentro de sacolas. Desse montante, Pedro Elias contou que ficou com R$ 100 mil e repassou o restante a Silvio Araújo, então chefe de gabinete do governador.

Sobre a Web Tech, do empresário Julio Tsuji, Pedro Elias disse que Zílio também recebia propina da empresa e que depois passou a ser recebida por ele. Tudo a mando de Rodrigo Barbosa, filho de Silval que também já foi preso na Sodoma. “Todo o dinheiro deveria ser pago para o Rodrigo", contou.

O ex-secretário contou ainda que recebeu da Web Tech, em dinheiro, cerca de R$ 510 mil, além de cheques, nunca descontados e que depois foram rasgados, que somavam R$ 280 mil. Em depoimento, Tsuji já havia declarado que pagou R$ 1,3 milhão de propina a Pedro Elias e César Zílio.

Segundo Pedro Elias, ele também começou a procurar, a pedido de Rodrigo Barbosa, mais empresas prestadoras de serviço ao estado para pagar propina. "Era uma organização bem estruturada para arrecadar dinheiro dentro do estado", disse.

O ex-secretário contou ainda que sente medo de Silvio Araújo, que teria dito a Pedro Nadaf que ele, Pedro Elias, "não iria durar um ano", e de José Jesus Nunes Cordeiro, que é coronel da Polícia Militar, "pelas coisas que ele diz já ter feito".

Operação Sodoma

A primeira fase da operação foi deflagrada em setembro de 2015, levando à prisão Silval Barbosa, Pedro Nadaf e Marcel de Cursi, que continuam atrás das grades. Em outras fases, também foram presos outras pessoas como Pedro Elias, César Zílio, Rodrigo Barbosa e José Jesus Nunes, mas eles já foram liberados.

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