Mato Grosso, 23 de Novembro de 2024
Esportes

Trauma de infância: queda de avião abala peruanos e mata tio de Guerrero

22.12.2012
09:58
FONTE: G1

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“Controle, controle, não vejo a terra!”. A desesperada frase do piloto Edilberto Villar Molina, que levava a delegação do Alianza Lima, do Peru, estampada na capa do jornal “La Republica”, de Lima, Peru, de 11 dezembro de 1987, certamente não foi lida no momento por Paolo Guerrero. À época com três anos de vida, o atual atacante corintiano era apenas o mascote da equipe e acompanhava o tio José “Caico” Gonzales Ganoza, goleiro, em alguns jogos do time em casa.

Antes mesmo de entender o significado daquela manchete na capa do jornal, o atacante do Corinthians perdeu o parente no desastre aéreo que matou 43 pessoas, entre elas, todos os jogadores titulares, reservas e comissão técnica da tradicional equipe peruana - curiosamente, apenas o piloto sobreviveu. O elenco, acompanhado por torcedores, tripulantes e árbitros, retornava de uma vitória por 1 a 0 sobre o Deportivo Pucallpa. À época, não havia voos comerciais disponíveis, e as equipes viajavam em aviões fretados. O Fokker F-27, da Marina de Guerra do Peru, caiu próximo ao Aeroporto Jorge Chavez, de Lima, no mar de Ventanilla.

A tragédia afetou para sempre o futebol local e, em particular, a família do herói do Timão no Mundial de Clubes deste ano. Caico era muito chegado a Guerrero, e a cicatriz dificilmente se fechará. O Alianza Lima formava a base da seleção peruana e se encaminhava com tranquilidade rumo ao título nacional, mas teve de recorrer a jogadores antigos, como Teófilo Cubillas, nome máximo da história do Peru, que voltou a jogar no time de graça só para ajudar. Além disso, o Colo-Colo, do Chile, que havia sofrido com acidente similar pouco antes, se solidarizou e emprestou quatro atletas para a equipe. O "catadão" ainda foi vice-campeão.

Segundo pai e medo de avião

Irmão de Petronila Gonzales, mãe de Paolo Guerrero, Caico era extremamente ligado ao sobrinho. Por isso, fazia questão de levar o corintiano, ainda recém-nascido, aos estádios. Seu prazer era carregar o pequeno para todo lado. Familiares e pessoas que conviveram com Caico nos quase quatro anos iniciais da vida de Guerrero dizem que o goleiro era o segundo pai do jogador.

- Foi horrível. Dor atrás de dor. Ninguém conseguia consolar ninguém, porque todos tinham alguma pessoa ligada ao acidente. Difícil – recorda Rafael Castillo, 85 anos e treinador de Paolo dos 11 aos 15 anos na base do Alianza.

Como todo assunto polêmico, a consequência disso tudo na vida de Guerrero gera controvérsias. Muito se fala que o atleta tem medo de avião. Julio Rivera, seu irmão, nega. Ele lembra que Paolo não tinha noção do que acontecera quando pequeno e afirma que a única coisa que tirou o sono do atacante recentemente foi a ruptura dos ligamentos do joelho esquerdo em 2009, quando o tratamento realizado afetou seu sistema nervoso.

Por outro lado, Juan Gonzales Ganosa, irmão de Petronila e do próprio Caico, discorda. Ele acredita que parte da aversão de Paolo a aviões tem, sim, ligação com a tragédia que matou seu tio. Versão compartilhada e bancada pela imprensa local.

De qualquer forma, foi dentro de um avião e após uma lesão no joelho, desta vez no direito, que Guerrero fez tratamento intensivo durante a viagem de 14 horas do Brasil até Dubai, nos Emirados Árabes, escala no caminho para o Japão. Como todos os corintianos sabem, seu esforço foi muito bem recompensado.

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