Mato Grosso, 25 de Abril de 2024
Esportes

Ondas grandes e pesadas, tubos e tubarões aguardam tops da elite em Margaret River

27.03.2017
08:51
FONTE: GloboEsporte.com

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  • Adriano de Souza não se intimidou com o mar pesado de Margaret River e conquistou o título em 2015
Margaret River, um território de natureza selvagem, frio, ondas volumosas e pesadas, tubos, golfinhos e tubarões no oeste da Austrália aguarda os tops da elite do Circuito Mundial. Adriano de Souza foi o único brasileiro campeão na elite, em 2015. O paulista do Guarujá surfou um mar clássico na carnificina de The Box e derrotou na final um também inspirado John John Florence em Main Break, dando um importante passo na conquista do título mundial. Ao lado de Jeffreys Bay, a etapa é uma das mais perigosas do Tour. Para evitar episódios como o de Mick Fanning, que escapou ileso de um ataque de tubarão em plena final na África do Sul, a Liga Mundial de Surfe (WSL) montou um forte esquema de segurança para a segunda de 11 paradas do Tour, de 29 de março a 9 de abril. A previsão é de ondas grandes para os primeiros dias da janela, e o campeonato deve começar na terça-feira. A chamada para avaliar as condições do mar será às 20h (de Brasília).

WSL colocará sempre 5 jet skis na água
A todo momento, cinco jet skis com sonares da linha "Shark Shiled" estarão na água, sendo um exclusivo para a proteção de cada surfista. Criado por cientistas do Instituto Oceanográfico da Universidade da Austrália Ocidental, o aparelho eletrônico funciona como um "repelente" de tubarões e funcionou em 90% dos testes. A pesquisa foi realizada em tubarões de recifes no oeste da Austrália e com os brancos na África do Sul. Os sinais elétricos emitidos interferem na rede de sensores dos animais e formam uma "barreira invisível". O sistema pode ser implementado também em tornozeleiras, contudo, a WSL optou por instalar um dispositivo em cada jet ski.

Outro sistema visando a integridade física dos atletas será o uso de boias para detectar a presença de possíveis predadores. O diretor internacional de eventos da WSL, Graham Stapelberg, explicou a necessidade de montar um plano estratégico para uma área como Margaret. Os tubarões estão em seu habitat natural e já apareceram tanto em baterias como em sessões de treino e "free surf".

- Teremos dois sistemas que vamos implementar para a segurança em relação aos tubarões. Um é para detectar os tubarões, com uma boia. Usamos em J-Bay no ano passado e usaremos pela primeira vez em Margaret River. É uma tecnologia que permite detectar a presença de tubarões através de um sonar. E haverá também o "Shark Shield" preso aos jet skis, teremos também essa tecnologia. Sabemos que não é algo 100% seguro, mas é uma tecnologia que sentimos que funciona. É importante ter um plano apropriado para Margaret - explicou Graham Stapelberg.

O governo do estado da Austrália Ocidental desistiu de um projeto de extermínio de tubarões em 2014, que autorizava a população a matar os grandes predadores quando o risco fosse iminente. Margaret, por exemplo, abriga uma série de espécies, como os tubarões brancos. Embora não tenham sido registrados incidentes no oeste australiano neste ano, o país tem um histórico de ataques. Na praia de Snapper Rocks, na Gold Coast, palco da abertura do CT, os atletas estão protegidos por uma rede com três camadas.

A WSL contratou diferentes consultores para tratar a questão do risco de ataques, um na Cidade do Cabo, para atender às necessidades de J-Bay, e um engenheiro em Margaret River. Se houver algum perigo, a entidade reagirá imediatamente.

Como a distância entre a arrebentação e o local onde os surfistas pegam as ondas em Margaret é grande, se quiserem, os surfistas não precisam remar durante o percurso e podem contar com um jet ski à sua disposição para evitar um encontro indesejado.

- Nós teremos jet skis dedicados a cada surfista. Os atletas podem pegar o jet ski na arrebentação e ir até o line-up. E se houver algum sinal de perigo, o jet ski irá imediatamente ao local para fazer o resgate. Teremos cinco jet skis na água, sendo três só para os surfistas e outros dois fazendo o monitoramento e patrulhamento da área - contou Graham Stapelberg.

Equilíbrio de forças 
Atual campeão mundial e top 3 do mundo nesta temporada, John John Florence precisou passar adiante a lycra amarela. Quem vestirá roupa de líder do ranking mundial será Owen Wright. Depois de um ano afastado para tratar uma grave concussão na cabeça, sofrida nos treinos para o Pipe Masters de 2015, no Havaí, o australiano coroou o seu retorno à elite com o troféu na Gold Coast. O havaiano Sebastian Zietz é o defensor do título em Margies - detalhe: ele sequer fazia parte do CT, mas fez valer o seu convite para competir e venceu na final o ídolo local Julian Wilson.

Italo Ferreira é o único desfalque do Brasil
O Brazilian Storm terá oito surfistas em Margaret. A única baixa é Italo Ferreira, em recuperação de uma lesão de ligamento frontal do tornozelo direito, em uma sessão de "free surf" em Duranbah, ao lado de Snapper Rocks. O potiguar ficou em quinto na Gold Coast, sendo o segundo melhor brasileiro no local, atrás apenas de Gabriel Medina. Apesar de ter machucado o joelho direito ao falhar a aterrissagem de um aéreo na estreia, o campeão mundial de 2014 só parou na semifinal contra Owen e se despediu em terceiro, um bom resultado para o início da temporada. O circuito de 2017 é um dos mais fortes de todos os tempos, com seis campeões mundiais, incluindo Medina, Mineirinho, John John, Joel Parkinson, Mick Fanning e Kelly Slater.

Main Break é palco principal, e The Box o alternativo
A organização da WSL tem um leque de opções para os tops da elite. Main Break, palco principal do campeonato, proporciona aos surfistas esquerdas e direitas em um reefbreak, com ondas de 0,5m a 8m. As esquerdas tendem a ser mais dominantes e, dependendo das condições, formam enormes cavernas ou um espaço para manobras até a crista, contudo, é preciso cuidado e experiência para se arriscar no local. Ali ao lado, existe ainda a opção de Southsides.

Outro pico em Margies é The Box, uma direita que quebra sobre uma rasa laje de pedras, capaz de levar os surfistas do sonho ao pesadelo em uma fração de segundos. Adam Melling que o diga (confira abaixo uma das piores vacas da competição em 2015).

Domínio australiano
De 1985 a 2016, foram disputados 29 eventos em Margaret River, com 21 vitórias de australianos. Os cinco primeiros pelo circuito da antiga ASP (Associação de Surfistas Profissionais) tiveram como vencedores Tom Caroll, Mark Occhilupo, Dave Macaulay e Barton Lynch. Margies passou a receber a divisão de acesso (QS) em 1992, sendo sete delas etapas Prime (rende ao campeão 10 mil pontos na caminhada rumo ao CT), de 2007 a 2012, e as três últimas com tops da elite da WSL. Michel Bourez (2014), Adriano de Souza (2015) e Sebastian Zietz (HAV) foram os últimos a erguer o troféu.

Além de Mineirinho, que derrotou em uma memorável final em Main Break o havaiano John John Florence, outros brasileiros roubaram a cena há mais de uma década. Em 2004, o catarinense Neco Padaratz venceu Raoni Monteiro, de Saquarema (RJ), e sagrou-se campeão no período do QS.

O recordista de vitórias em Margaret é o aussie Tom Caroll, com três títulos, seguido pelos compatriotas Barton Lynch e Mark Occhilupo, bicampeões no oeste da Austrália.

Baterias da 1ª fase em Margaret River
1. Kelly Slater (EUA), Mick Fanning (AUS), Leonardo Fioravanti (ITA)
2. Kolohe Andino (EUA), Stuart Kennedy (AUS), Ezekiel Lau (HAV)
3. Matt Wilkinson (AUS), Miguel Pupo (BRA), Jack Freestone (AUS)
4. Jordy Smith (AFR), Kanoa Igarashi (EUA), Nat Young (EUA)
5. Gabriel Medina (BRA), Wiggolly Dantas (BRA), Jessé Mendes (BRA)
6. John John Florence (HAV), Frederico Morais (PRT), wildcard
7. Owen Wright (AUS), Connor O´Leary (AUS), Ian Gouveia (BRA)
8. Joel Parkinson (AUS), Caio Ibelli (BRA), Jadson André (BRA)
9. Adriano de Souza (BRA), Adrian Buchan (AUS), Jeremy Flores (FRA)
10. Michel Bourez (TAH), Conner Coffin (EUA), Joan Duru (FRA)
11. Julian Wilson (AUS), Josh Kerr (AUS), Bede Durbidge (AUS)
12. Filipe Toledo (BRA), Sebastian Zietz (HAV), Ethan Ewing (AUS)

Todos os campeões em Margaret River:
Circuito Mundial da WSL:
2016 - Sebastian Zietz (HAV)
2015 - Adriano de Souza (BRA)
2014 - Michel Bourez (TAH)

Etapas Prime pela Divisão de Acesso (QS) 
2013 - Dusty Payne (HAV)
2012 John John Florence (HAV)
2011 Damien Hobgood (EUA)
2010 Josh Kerr (AUS)
2009 Daniel Ross (AUS)
2008 Tom Whitaker (AUS)
2007 Kieren Perrow (AUS)

Etapas pelo QS:
2006 - Mark Occhilupo (AUS)
2005 - Troy Brooks (AUS)
2004 - Neco Padaratz (BRA)
2003 - Michael Campbell (AUS)
2002 - Joel Parkinson (AUS)
2001 - Mick Fanning (AUS)
2000 - Mark Bannister (AUS)
1999 - Luke Egan (AUS)
1998 - Jake Paterson (AUS)
1997 - Taj Burrow (AUS)
1996 - Chris Gallagher (EUA)
1995 - Barton Lynch (AUS)
1993 - Gary Elkerton (AUS)
1992 - Tom Carroll (AUS)
Antigo Circuito da ASP
1990 - Barton Lynch (AUS)
1989 - Dave Macaulay (AUS)
1987 - Tom Carroll (AUS)
1986 - Tom Carroll (AUS)
1985 - Mark Occhilupo (AUS)

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