Enquanto atletas como a campeã mundial Fabiana Beltrame reclamam das condições da Lagoa Rodrigo de Freitas, que desde a última quinta-feira sofre os efeitos de uma severa mortandade de peixes, duas das mais importantes autoridades esportivas do país minimizaram a condição atual da futura sede de competições de remo e canoagem de velocidade nos Jogos de 2016. Tanto o Ministro do Esporte, George Hilton, quanto o presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB) e do Comitê Rio 2016, Carlos Arthur Nuzman, preferiram falar do trabalho que está sendo feito visando às Olimpíadas do que focar no problema em questão.
Incomodado com a insistência no tema, Nuzman afirmou que divulgará uma espécie de relatório sobre problemas relacionados à qualidade da água em outras sedes olímpicas para mostrar que o Rio de Janeiro é apenas mais uma cidade a sofrer com a poluição.
Desde que a mortandade começou, há uma semana, a Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) já retirou mais de 37 toneladas de peixes mortos do local. No momento, 62 garis por turno ainda trabalham para limpar a área, que em momentos de maior calor sofre com o mau cheiro e a presença de urubus. Durante os treinos, os atletas eventualmente batem com as pás dos remos nos peixes, o que acarreta em perda de segundos que podem ser preciosos numa disputa por medalhas.
Questionado sobre s ações conjuntas de governos e do Comitê Organizador para melhorar a situação dos atletas, Nuzman primeiro se confundiu e engatou uma resposta sobre a poluição na Baía de Guanabara. Depois afirmou que o problema não trás prejuízo aos treinos dos atletas.
- Governo do estado está fazendo grande trabalho e temos total confiança de que a Baía de Guanabara estará em perfeitas condições... Ah, me perdoe. O trabalho está sendo feito na Lagoa Rodrigo de Freitas, está em andamento e será entregue em condições para as competições sem nenhum problema. Eu não sou um técnico para especificar qual o trabalho (de limpeza e tratamento). Meu esporte é voleibol então não dá para eu dizer o que que precisa. Até gostaria (de saber). O treinamento de atleta é no mundo inteiro, não é um local específico. Nem tem condições dos atletas todos virem para a Lagoa. Todos os que estão, eles treinam e treinam em muitos países. Aliás eles treinam, e quando precisam vir, a Lagoa está em condições de poder atender.
Diante da insistência da imprensa no tema, Nuzman mostrou-se desconfortável e concluiu o assunto afirmando que a má qualidade da água não é uma exclusividade do Rio em relação a sedes passadas dos Jogos.
- Eu vou distribuir para vocês (imprensa) daqui a pouco todos os problemas de água que tiveram nos últimos Jogos Olímpicos em que estes mesmos atletas competiram e ganharam medalhas. Então não vamos criar que aqui no Rio tem algo diferente de outros Jogos Olímpicos. O trabalho está sendo feito, as melhoras estão acontecendo, e essas melhoras vão dar condições para a competição.
Assim como Nuzman, o Ministro do Esporte George Hilton esteve presente nesta sexta-feira no evento de lançamento do segundo lote de moedas comemorativas da Olimpíadas de 2016. Também perguntado sobre a mortandade de peixes, Hilton foi superficial ao comentar a questão.
- Nós estamos acompanhando o trabalho de cada ente que está responsabilizado por várias etapas. Temos a certeza de que tanto o governo estadual como também o governo municipal estão trabalhando de maneira intensa para que estas questões sejam resolvidas. Nós tivemos recentemente a visita do COI, que observou que o nível de maturidade de todas as obras está bem avançado e dentro do cronograma. Entendemos que esta também será terminada a tempo da gente fazer um grande evento. É claro que gostaríamos que hoje pudéssemos ter um outro quadro. Mas há uma preocupação sim e a gente vai trabalhar intensamente para resolver essas questões.
ENVIE PARA UM AMIGO
